exceto por um prédio velho amarelo
que resiste à gravidade
e ao cotidiano
com marcas pretas escorridas
como lágrimas de uma mulher que chega às seis horas da manhã sem ter encontrado o amor
prédios não choram
as pessoas dos prédios choram enjaulados em cortinas brancas
ou em si mesmos na mesa cheia do jantar
mas
alguém se levantou da cama e acordou os vizinhos
com a angústia de um sono que nunca veio
vibrando pelas paredes
alguém venceu a gravidade quando escolheu não pular
esse predio me acalma e me enche de uma esperança
desesperada
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