1.12.09

Acasualidades

Não foi culpa de ninguém.

Nos apaixonamos e a sorte nunca jogou a nosso favor. Descontentes dos caminhos traçados no dado roubamos do destino o máximo que pudemos. Um leve trapacear nas encruzilhadas da vida não parecia algo tão sério. Melhor sabes tu, atropelamos a ordem natural do universo, com todo desrespeito ao pai, filho e espírito santo e chegamos até onde pudemos na contramão das coisas certas, segurando cada parte das duas que se desintegrava à medida que éramos mais e mais e mais. Mas como contra o destino ninguém nunca pode, o fim tradicional bateu na porta do amor e numa corrida sem rumo (com intenções puramente existenciais e não de fuga propriamente dita) o fatalismo nos arrancou as asas, dilacerou-nos a tal ponto que não mais reconhecia a mim em tu e vice-versando, cambaleamos cada uma para sua sina solitária. Hoje, castigada com a eternidade dos dias, ando até onde me permitem os limites da conformidade e aceito agora, por pura falta de opção, essas palavras como sal e cura na ferida. Que posso mais?

Tudo é maldição, troco, enfim –

vingança celestial.

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