mas é assim que sai, às vezes, bem banal como se fosse mesmo uma palavra só.
"oi, euteamo, tudo bem?"
"euteamo, me passa o pão por favor."
"você lembrou de comprar o jornal? ah, e antes que esqueça, euteamo."
e acaba transformando-se numa palavra realmente só, vazia.
o ato em si é simples por uma razão, porque o amor é simples. dizer "eu te amo" é tão acessível que qualquer pessoa consegue, olhem os bêbados, por exemplo, até eles do alto da embriaguez conseguem articular um "eu te amo".
fico me perguntando se as coisas seriam assim se "eu te amo" fosse "anticonstitucionalissimamente", ou "oftalmotorrinolaringologista". dai talvez as pessoas parassem para pensar um pouco, antes de amar a todos tão futilmente.
mas seja lá quem inventou o se expressar, ele sabia que o segredo era esse, era saber ser simples sem atropelar o real significado do amor, sem fazer disso uma rotina, um detalhe da conversa, um simples enfeite na frase. dizer "eu te amo" é uma responsabilidade séria, é você dizer para alguém que essa pessoa agora tem a capacidade de mexer com você com o seu consentimento, e isso não é notícia para se dar assim, no meio de uma frase solta, na correria do trânsito.
devemos respirar fundo, pensar no que sentimos, e não sentir o que pensamos.
o mundo deveria calar-se sempre que alguém sussurrar um "eu te amo" sincero.
Um comentário:
vamos criar a campanha anti-dizereuteamo à toa?
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