já cansou, ela já cansou de sair de minha boca, ela já fez as malas de minha cabeça (no coração nunca esteve, deus sabe o estrago que seria)
ou não, foi arrombando a porta da aorta que a história começou.
queria de todo jeito colocar quem não cabia onde não devia,
ta certo, admito, já sabia o meio e o fim logo no começo
mas nunca resisti ao pulsar do sentir, ainda que dor.
diagnóstico: andréa margolis,
agnóstico.
neutro, ateu.
não doeu de verdade, não pulsou de verdade, não amei de verdade.
por isso volto lá sempre que posso, para confirmar o fracasso,
para lembrar das poucas vezes que fiz amor e não sexo, as poucas vezes que viveu sem ajuda de aparelhos.
eu não sei, reli tudo isso agora e me doeu lá dentro, lá na porta da aorta que ainda não consertei. talvez, agora sozinha, possa admitir que escapou um pouco para o átrio, ta bom, para o coração.
eu amei, não sei quando, não sei quanto, não sei quem.
nunca foi culpa dela, eu procurava a coisa errada na pessoa certa, o meu dicionário desatualizado do amor colocou mamãe e papai, "perfeição" e "amor" não são sinônimos!
e no final, sabe no que deu?
tirei o pior de nós, eu vi o terceiro lado da moeda,
lixo; mentira, traição, xingamentos, desrespeito, desconfiança, desespero, medo, corrente.
só para ver o ser humano ser humano todas as vezes, todos os dias, eu cuspia na cara da raça com covardia porque do lixo ela catava sempre o melhor de nós, e eu não acreditava, não era possível.
racionalizei o amor e ela desequilibrou minhas equações, e agora?
o jeito era encobrir o que eu não sentia com o que eu sabia parecer sentir-se, espelho.
o jeito era imitar a batida do dela, e nesse imitar o meu descompassou-se e pegou a manha do amar.
o jeito era dar um jeito, e nesse jeito deu-se outro jeito e a bola de neve não derretia com o calor, era oficial, baby.
baby, baby.
ainda me arrepio quando penso no perfume da palavra baby.
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