31.12.15
22.12.15
15.12.15
nina by nina
nina me pede um cigarro
eu acho q eu deveria atirar nela primeiro
nina chora as vezes antes de dormir e guarda aquele ultimo suspiro pra ela
nina tem a capacidade de amar e odiar ao mesmo tempo
mas nina nao consegue se amar
por favor quebrem todos os espelhos da casa e fechem todas as janelas
nina mergulhou uma vez ate o fundo do oceano e de la nunca mais saiu
8.12.15
sp
you wake up and it hurts. somehow all the things you love have managed to infiltrate themselves under the sheets and in the back of my head. im not used to feeling things there, just hear them drowning hopeless at the well of the heart.
16.11.15
vai passar
você sabe desses dias como o gosto azedo do refluxo que volta a boca depois das refeições copiosas, como eles te ardem o estômago, sobem pela garganta e travam ali num queimor típico. às vezes parecem infarto, mas você sabe, embora sinta diferente, que não é o peito que doi; é outra coisa mais irrelevante. vai passar.
15.11.15
12.11.15
11.11.15
10.11.15
9.11.15
deixando para trás tudo que já foi dito e feito e me dando a chance de recomeçar de agora, como se tivesse acabado de surgir aquele teu primeiro "oi" tímido e sem vergonha no canto superior dessa tela, esquecendo por um minuto que seja de tudo que já falei e ouvi, abafando lá dentro o passado para que possa te dizer isso da forma mais neutra e presente: sinto falta de me sentir desejada, de quando teus olhos sentiam falta de ver minha pele, de quando, ainda que por aquele momento, vc me fazia sentir a mulher mais linda do mundo. sinto falta de te querer, não pq te quero menos, mas pq ao longo dos dias as minhas tentativas não surtiam mais efeito, você parece não estar mais ali como estava antes. quando te espero, com a mesma ansiedade de sempre, e quando me despeço, com os velhos sintomas de saudade precoce, não é mais você. talvez tenhamos criado uma tolerância ao amor, assim como foi com a maconha e os remédios, e talvez eu precise te dar mais e mais para que surta sempre o mesmo efeito, mas prefiro pensar que não. tem sido sempre menos, esses dias, e eu tento me dizer que em breve tudo voltará ao normal, enquanto vc insiste em me dizer que o normal é isso aqui. mas como pode ser normal que eu sinta tão singularmente nesse relacionamento a dois? pq acreditei que era normal todas as vezes que me sentia sozinha quando tava logo ali ao teu lado? eu to vazia de palavras, ainda assim: digo.
acreditei no nosso amor, te amo ainda e não há dúvidas, mas acreditei que seríamos sempre duas crianças deslumbradas c os acontecimentos da vida. achei q riríamos ao falar de morte. estico meus braços sob o volante e deixo minha cabeça pender para qualquer lado, cansada, vidros embaçados lá fora e aqui dentro, e no final do meu pé esquerdo, sinto a goteira e o rastro de água quente vermelha que me seguem, secando menos o amor a cada passo.
7.11.15
4.11.15
superstar
loneliness, is such a sad affairand I can hardly waitto be with you againwhat to sayto make you come againcome back to me againand play your sad guitar
30.10.15
tpb
não me importa se um dia és norte e no outro sul
eu te amei todos os dias
até nos dias em que o amor era outra coisa
talvez um pouco mais escura,
meio sem rumo
totalmente sem sentido
29.10.15
28.10.15
para Solange:
tenho consciência do momento exato que vou explodir, por exemplo; segunda-feira Luiza me disse que era borderline. Sim, no primeiro momento o que senti foi inveja, depois rapidamente uma raiva de mim mesma por senti-la, e então, mesmo que ela me pedisse "fala, me conta, pq ficasse tão estranha de repente?" não conseguia sair de mim, nem aceitar dentro de mim, a ideia do sentimento que tive. por que invejava aquil? seria o alívio que eu queria ou a atenção de ser o centro, a border? E depois o que? Travei em raiva. Primeiramente de mim, porém expressa totalmente através dela. Saco de pancada. "Voce tá com raiva pq queria ser border, não é? Eu sei que é" e então a gota d'agua. "Pare o carro, eu quero sair, pare o carro, me deixa ir embora, vc não entende nada" e então passou-se uma hora de falta de ar, de vista vermelha de ódio. Eu saiba que ela mandaria a mensagem, eu respondi bufando "morre, eu te odeio, vai embora, vc n entende nada!"
"EU TE ODEIO VC JÁ TEM SEU DIAGNÓSTICO AGORA ESPERO Q VC MORRA DELE"
tremendo de raiva, bufando de raiva, raiva irracional, abro a porta e vou comprar cigarros e por um segundo me sinto perdida, em lena consciência do que fazia, alimentando ainda mais aquela raiva.
"Ele disse que algumas pessoas não precisam de muitas consultas e que eu era o tipo de borderline que faz mal pra si mesmo"
(Então eu sou o tipo ruim, o tipo que faz mal pros outros, o tipo que eu mesma não queria ser, o tipo que destrói, o tipo que inveja esse diagnóstico no lugar de estender uma mão e ouvir)
"Por que tas assim tão estranha? Tas parecendo outra pessoa, às vezes tu parece outra pessoa"
"Não to estranha, só quero ouvir"
(Eu sei que to estranha e eu não sei o que fazer pq a qualquer momento o monstro vai surgir aos golpes, só queria q ngm me perguntasse nada e eu não fosse eu)
"Não, tu tas estranha sim, o que foi que eu fiz? Tu tava de boa agorinha."
"Não é nada, fiquei esperando esse tempo todo e tava ansiosa pra saber como foi tua consulta"
(Eu to ansiosa, eu quero explodir, se eu te contar o que pensei vc ngm jamais gostaria de mim, eu sou de fato uma pessoa ruim)
"Queres fazer alguma coisa?"
"Me deixa em casa"
(Por favor, não me deixa, por favor, eu sou uma pessoa ruim, vai embora)
"Oxe, tu quer ir pra casa?? A gente mal ficou juntas hoje. O que é que tu tem hein, pelo amor de Deus? Não adianta dizer que tá normal"
"Eu to normal, só to cansada"
(Eu quero tudo e nada e não queria ser eu no meio de toda essa ansiedade, eu não sei, eu vou perder o controle, eu não sei quem sou)
Para na farmácia, quase um piloto automático, tomada pela ansiedade, pelo medo, pela raiva, meu deus se vc existe de onde vem tanta raiva? Compra o remédio, eu nem existo nesse mundo onde meu cartão de crédito foi negado, eu quero ir embora de mim. De novo tudo isso, e ao mesmo tempo que machuca, tem alguma coisa de bom, de vivo. Em cinco minutos estarei urrando de raiva e desespero, abandonada por algo que eu mesma criei. Em cinco minutos eu descarrego minha metralhadora de palavras em você sem nenhuma, N E N H U M A, consideração por você, pelos seus sentimentos. Em dez minutos eu me martirizo, eu sou a pior pessoa do mundo, sempre EU.
"A culpa é sua, vc disse que eu queria ser borderline"
(Eu sei que a culpa é minha mas eu não aguento isso, então te dou ela a todo custo)
"Vc podia ter conversado comigo, eu não aguento mais isso, esse acaba e volta, vc não sabe conversar, simplesmente explode sem falar nada"
"Eu sei"
(Eu sei)
E agora, o que tenho a dizer sobre isso e sobre os dias onde chego em casa e já sei que vou me martirizar procurando algo sobre borderline ou histrionismo, onde sinto surgir o desespero no meio de um sorriso que mal acabei de dar, sozinha no meu quarto pesquisando mil coisas e me perdendo no que sou e não sou, perguntando para André o que eu sou, afinal, pela milésima vez, você vai enjoar de mim, por favor na me abandona tá? Ele ri, me diz que não, tenho meus problemas mas não sou nada disso, e que diferença faz um nome? Você não vai deixar de ser feliz seja lá o que vc for. Mas não para aí, eu deveria estar estudando, eu deveria estar fazendo alguma coisa boa para mim mesma e to aqui, mais uma vez me perdendo no desespero e buscando ajuda e me perguntando coisas que são duras demais pra responder sozinha pq às vezes eu sei as respostas, mas queria que fossem outras. Eu estou perdendo tempo e postergando tudo, foi assim no vestibular, foi assim na faculdade, vai ser assim pra residência também? Sera que esse não passa de um mecanismo meu para me impedir de seguir em frente com a vida que eu tanto temo, que eu tanto me sinto incapaz? Eu não sei mais no que acreditar, a verdade é essa, não sei se acredito nas minhas próprias mentiras ou se me perco nas verdades absurdas, ou os dois, eu não sei quem sou e demora um longo tempo até que volte a bater no ritmo normal, o coração. Então eu escrevo, estou aqui, escrevendo, não é útil, mas também não me dói tanto, alivia. E quem garante o amanhã? E quem garante os próximos trinta minutos? Tudo muda o tempo todo e eu só tento me manter sabendo, ao longo de tudo que me acontece, ou que faço. Preciso assumir que faço as coisas, que não sou vítima ou irresponsável pelas minhas ações. Sei. Desde quando saber me trouxe algo bom? Quando foi que essa inteligência me trouxe descanso? Tantas vezes consegui pensar até ficar infeliz, nunca o contrário. Vou tentando falar algumas das coisas indizíveis, como o sentimento de inveja. E a terrível certeza que uma parte de mim quer que tudo isso aconteça. Até quando?
27.10.15
Mae
Mãe, me ajoelha de fronte a tua cruz
Me prega que eu preciso parar um pouco e descansar
Suspensa de todo suspense
Mãe, me acolhe
Embora doa, você pode doer comigo
Como se hoje fosse domingo
E toda vida uma missão de paz
Mãe, te perdoo por me perdoar
Eu que coube em teu ventre
Hoje não caibo em nada
Me liga de volta ao que era
Me gera um pensamento bom pra eu não poder lembrar
Chegamos, grita o marujo
De bocas secas, gengivas sangrantes
Os dentes ainda soltos
Na minha pele doce
Você precisa de limão, meu amigo
É terra?
É firme?
Prometeste descanso, senhor capitão
Finco os pés
Choro quando afundam
Em mais uma nuvem bem densa de escorridos e transcorridos
Azeda ilusão
Quase cítrica, quase cura
Você precisava disso
É triste o fim, o fim infinito das coisas que não terminaram ainda
O fim repetido
O indesejado fim conquistado
Miro lá longe e todo meu reino não passa dos cacos que cultivei
Sentada no peito de alguém
Só para ver mais alto
Quando inspira
E cair de frio na barriga
Quando assopra
O fogo manso abafado não precisa respirar mais
Precisa apagar
Luiza
Sim, foi descuido quando meu peito sem querer bateu no teu
E foi escudo quando minha mão, sedenta dos teus cabelos,
Se lançou contra teu sorriso
E foi um aviso
Minhas linhas às vezes se apagam
O teu sorriso dilui
Nas palavras que lanço feito dardos num alvo profundo
Eu te perdoo por me perdoar
É que, sem querer, eu te quero tanto
E tão perto e dentro
Que não sei cruzar a ponte sem antes me atirar
E te ver morrendo
Feito duas chamas no mesmo incêndio
Eu não ouso te apagar
Sim, foi descuido, foi escudo, foi duro dos dois jeitos
Sei bem, meu amor não é perfeito,
Mas ele foi feito pra te dar
Luiza
Sinto tua falta desde o primeiro abrir dos olhos até o último bocejo na noite inquieta. Acordo com uma injeção fria pela espinha, um líquido gélido e viscoso que me lembra exatamente onde estou: aqui sem você. Sei que é para melhor, principalmente o seu melhor. Não sei porque insisto em destruir tudo que amo, quase que destruindo a mim mesma em dobro. Garotaria de ter a resposta para essa e tantas outras perguntas, mas talvez isso seja a vida, esse eterno acontecimento do nao-saber. Sei que cada segundo que passa fica um pouco mais eterno, e que cada pequena eternidade dessa parece uma vida longe de ontem. Gostaria de cortar minhas maos e dá-las para que você as beijasse e me dissesse que está tudo bem agora, que elas não machucariam mais, mas ainda teria a culpa que mao nenhuma carrega.
26.10.15
25.10.15
24.10.15
estou aqui
voltei depois de dois dias de ausência, de ossos roídos sem medula. um casal de dias inferteis, posso dizer, onde toda tentativa de desejo era um fruto podre ainda no galho. estou de volta, Luiza dorme envolta das colchas como um pequeno novelo de ossos frágeis e pensamentos densos. tudo me acalma e me anuncia o recomeço que já nem conheço: acabou a era, se é que posso chamar tão curto período de tempo de era, da solidão inócua. mas assim me pareceu, para quem estava dentro da ampulheta esperando ansiosamente o último grão daqueles dias caírem. e agora o shift, a mão voluntariosa é imprevisível que levanta a ampulheta e gira, quase que invertendo os polos da terra. mas não, sei que o que me aconteceu aconteceu apenas para mim, sendo assim indizível a exata quantidade de tempo que se passou desde aquele último inverno. tenho mil estações, não como um trem que segue sua linear, com pausas programadas, sempre cheio e vazio de gente. sim; tenho mil estações tal qual uma locomotiva, louca emotiva, a qual todas as noites pequenos homens levantam do chão sua rotina de ferro e as desviam por outros caminhos, por vezes inabitados, por vezes em círculos sadicos ao redor de um centro que jamais atinge. há colisões, por vezes, entre minhas estações, porém não se engane quem acha que são frutos de acidentes; o caos segue a linha e a linha estava sempre deitada antes dos passos, não podendo haver acidente devido à ausência de espontaneidade no desastre.
23.10.15
22.10.15
21.10.15
I dont know
what am I doing to myself?
Is there a museum for broken people
Where schoolkids go
To learn about love?
Carolina e o futuro
no golfo da Flórida
ou no Nordeste do Brasil
o futuro está sempre aqui
Presente no medo
never tell me again
todos temos problemas, coisas com as quais temos que lidar, e todos nós levamos eles para casa de noite, e levamos para o trabalho de manhã cedo. Eu acho que tudo isso, essa impotência, essa constatação, esse mal presságio, estar à deriva em um mar sem boia nem salva-vidas, quando você achou que seria você quem jogaria a boia
deus eu te perdoo por não existir, eu te perdoo por me deixar falando sozinha, te perdoo como Clarice tb te perdoou. deus, vc é uma criança com brinquedos demais nas mãos, e nem mãos vc tem. eu te perdoo por nunca me explicar o motivo daquela noite na qual acordei aos murros e pedi pra vc me levar. eu te liberto de mim como obrigação sua, eu peço licença e me emancipo da sua divindade sempre ausente demais. deus, você não tem ouvidos, mas eu te perdoo por não me ouvir. deus crápula, você merece perdão e eu sei q vc pede, chorando no seu travesseiro de nuvem. pra quem vc reza, deus? teu filho morreu, nunca casaste, nunca nem te viram para poder te estenderem uma mão por acaso. eu te perdoo pelas esquinas cheias de fome e por esse meu peito rasgado de perguntas q vc plantou e foi embora.
20.10.15
19.10.15
name your bullets wisely
Por uma ou duas vezes cruzei-me com o amor, sendo "cruzar" uma palavra talvez polida demais para a ocasião: duas ou três vezes lembro de ter acariciado um gatilho de armas antigas enquanto explicava as histórias, quase mitos, de batalha. uma noite, enquanto quase todos dormiam, todos exceto por mim e meu coração curioso, vesti minhas pantufas, peguei minha lanterna e fui até a sala onde, delicadamente, feito fosse levitar das paredes, estavam emparedados todos os armamentos, escolhi a mais leve, uma pequena pistola que ficava logo abaixo do imponente rifle. caminhei até a entrada do bosque e, em um só suspiro, atirei duas vezes para o nada, nascendo no escuro um som sobrenatural, aterrorizante, o som que acordava os velhos restados de seus pesadelos de guerra, como ecos de grito presos ali dentro daquele tambor de seis balas.
voltei para o quarto, voltei para a cama, no outro dia comentavam sobre o estrondo da noite passada, mas não dei um pio.
hj sei que de alguma forma aqueles dois pedaços de chumbo vagaram por aí, rasgando carne, madeira, osso, tempo, e voltaram exatamente para o meu peito nos dias de Andrea e Luiza
17.10.15
14.10.15
sabe, olharás assim de soslaio, como que sem querer ver que de fato ansiava para olhar; e dirás, assim sem mais nem menos, que aquela festa cocotinha cheia de gente que se orgulhava de suas semelhanças, o meio no qual você, explicitamente orgulhos nao se encaixava, aquela festa ja tinha dado o que tinha que dar. Algumas caipirinhas de vodka importada, um arranjo de mesa de exoticas tulipas laranjas e um dolorido demain de pés no gelo de tanto salto alto. Queria a sensação de uma chave que encaixa na fechadura exata, o cheiro de estofado do hall. As pantufas jogadas debaixo do sofá onde adormeciam deitadas umas sob a outras as páginas de "Demian". Queria banho quente e desenhar uma cara melhor na fumaça do boxe. Depois deslizar entre os lençóis, finalmente despida, os pés gelados para fora do colcha ouriçando levemente os mamilos que encontravam-se livres para experimentar outras superfícies que não as rendas ásperas do sutiã.
13.10.15
12.10.15
saudade
tem um jeito de te falar das coisas q sinto que não seja gritando?
que saudade de ser sua
dos teus olhos me acariciando pela luz bem mansa
suculenta vontade crescendo nos teus dentes
e nos teus lábios rosados
11.10.15
10.10.15
my kids
my kids will know how much i lover their mama
and that theres nothing in this world that can bring them down
but themselves
she's over bored and self-assured
não vai e me deixa aqui
em plena crise de abstinência;
às vezes leva até mim mesma
é um dom mesmo
i wish i could belong somewhere like that, like clouds belong to skies and people fit into each other, but im always too much for anything
in you
not numb
occupied
no show
again
inside
so safe
not lost
again
i cant deny sometimes my thoughts disturb me
but not as much as you
no number
no self
no one
but when?
we live to die and die for love
but i can never tell the difference in you
sometimes I know my heart is deadly
meu deus como eu te amo e como isso não cabe em nada, nem mesmo em você.
today
eu amo demais as pessoas e esse vasto sentimento inabitado que toma conta de mim é como cultivar um deserto.
morning
é você e não tem jeito, o reflexo do sol nascia nos teus olhos cansados pois já era dia, tá muito frio, que horas são?, meio dia e vinte, fudeu meu amor, fudeu, to morrendo de fome, cadê o cardápio meu amor? tu levou lá pra baixo num foi? tu é uma fofa.
Luiza
olhava nos teus olhos de diabo caramelo
atentando meu peito como a migalha atenta o faminto
teus olhos de sugador
pretos de tantas almas
que ali ficaram
pela última vez sorrindo
eu te amo e isso me dilui em algo bem mais denso que a vida
eu te amo e eu me perco nesse verbo
sem mapa, sem endereço de casa
nem casa
nem
7.10.15
carta para mim mesma
você exige demais da vida. vive escrava dos seus pensamentos como um andarilho é preso às ruas: acha que eles te trarão glória, fama, sucesso. acha que chegara onde deus sabe onde. a menina, menina mesmo, sem identidade de maior e sem sexualidade definida; você não sabe o que quer, a não ser olhos. quando te falta a atenção, pensa demais e logo vem à tona teu problema, que é nenhum, na verdade, e muitos para ti.
afaste-se dos outros ainda que tudo que desejas seja o contrário, quando nas tuas crises de angústia te faltar ser vista. afaste-se para lembrar de fato o que és: nada. nenhum impulso brota tão intensamente quanto aqueles que surgem diante dos outros. não te aceites, menina. te aceites, e serás escrava sempre desse eterno arrependimento que é tua vida. não serás nada, nada além de um espelho carente de reflexo. o mundo lá fora não te toca, teus pés no chão não sentem o chão frio, mas importam-se apenas com as pegadas que deixastes. queres ser memorável, não é mesmo? como é pequena, a menina. como te esmaga essa ideia de grandeza que jamais brota, sempre a semente do quase e nunca.
nesses dias que passam, tua fidelidade foi pouca a ti mesma. o que transcorreu foi fruto de que, afinal? de vontades ingênuas ou de puro medo, o medo que vejam de fato o quão raso é o teu brilho? mais uma vez te digo e não falo nada, mas como essa carta é apenas nossa, creio que entendas as entrelinhas, afinal, é nelas que passamos grande parte do nosso intolerável tempo sozinhas. a vida te distrai e distraindo-se, voltas a encenar para quem quer que seja. sim, sei o que pensas, mas preciso dizê-lo; acabou mais um ato. fuga para o norte.
no momento, não sabemos de nada. de nada mesmo. se recorremos ao passado, sabemos que muito do que vem à tona na superfície da mente é fruto de tuas armadilhas mentais. por exemplo, há tempos que falo e nada digo.
você tem medo de você, você tem medo de terminar sozinha em algum calabouço da sua vida, ou etérea em mais um castelo que fantasiamos juntas e que juntas destruiremos. por que pensar? eu não sei.
livre-se dos outros e deixe que sigam sem tuas interferências infantis, desejando ser sempre esse centro sem eixo. você vê a estrada pronta antes mesmo de calçar os sapatos e ainda ousa dizer que foi tudo acidente? não, com você não existe o espontâneo; é tudo planejado e revisado e revivido. como te dói ser assim, eu sei, mas tua dor não deve nunca justificar as atrocidades que fizestes. a mão cansada não justifica a queda da espada sobre a cabeça dos inocentes. e mais uma vez, não dizemos nada.
tua mente se fecha no instante em que a consciência se acende, mostrando por dentro todo o vazio que existe e cada canto inabitado de ti é uma sombra do desejo de ser vista. criamos tantas cortinas, criamos tantos empecilhos, somos bruxas, eu e você, só eu. o desejo de ser profunda é a prova do quanto és rasa.
volto a te escrever quando não estivermos mais olhando, quando conseguir afastar esse vigia incansável que não nos permite compartilhar tudo que sabemos.
i am sorry
for running wild against everything you struggled for, for killing peace and then cleaning the knife on your shirt.
histri
tenho medo do quanto dependo dos outros, questionando minha própria existência longe dos olhos alheios.
dormir no almoço
não quero encontrá-los, assim perderei-me novamente; não que eu esteja encontrada, não. apenas me dói o quão sou facilmente entretida, facilmente sorrio, desempedrada no primeiro olhar e então acabou-se; torno-me escrava de suas presenças.
6.10.15
have you ever seen a man shot without bleeding?
I was nine years old the first time i saw blood unvoluntarily come out of me.
At the heart of things
I am here where it beats louder
Closer to the sin
I am drowning soundless
I dance at the heart of things
5.10.15
10con
descontentamento: aperte-me em seus braços e me diga se também não sentes todos esse espaço sendo ocupado insensível.
10ne
você quer se apaixonar de novo, mas pelo mesmo que agora desfazes. preciso me reinventar? para que teus olhos sejam dignos de pousar em mim? minha pele, trem de pousa, pista ferida dos cavalos mancos, eu? traçar com os dedos um novo X na terra batida e gritar "pula"? eu não. desnecessário.
not
nadou até a beira, repousou os braços sob o chão de cimento batido, depois; desejou o submerso, desejou não sabe que haviam superfícies, odiou profundamente a piscina rasa, quis desfazer-se aos poucos engilhada, desmembrana.
leonina fraca
sente-se às margens dessa deusa e sinta seu respirar sagrado invadindo sua solidão desraigada. a leoa corre, avança, enforca a prole pelo pescoço e traz até o ninho, quase mortos, pra acordar e caçar.
amanhã o corpo
amanhã eu acordo e as dores dos outros tem hora marcada num consultório sem janelas, sem ventilador, o único ar novo é aquele ar moribundo que sai da boca do paciente antes de anunciar as novas e velhas mazelas do corpo. é como um caixao para os vivos, o corpo.
vinco
antes de escrever, sou o vinco na folha imaculada. a cratera na barra da camisa de seda, perfurada por estranho objeto incendiário. queimou tudo de vestir, menos a pele, o mais inseparável dos adornos, totalmente desnecessária.
saudável
new age concert, você aplaude de pé e eu te aguardo sentada, sentada no colo da minha paciência que já beira zero de tanta ignorância.
o mundo
não choro mais, você disse pra mim. que estranha ausência se acomoda nos parques das cidades, o vento rodando os giradores como as almas das crianças, os balanços rangendo os dentes doloridos de tanto mastigar o dia até chegar a noite com o silêncio abafado dos tímpanos pressurizados. já não escuto mais o que dizem, apenas sei que roda sob estranhas inclinações e forças que não entendo, o mundo.
Luiza
você queria seu nome no título e o meu embaixo, na mesma capa, meu nome de autora e o seu de obra. mas não desdobra mais o fio da história, empacou e quando puxei, havia nada no fim da linha a não ser um rebento indicando o que antes havia de haver ali.
hein
deste lado de cá, de quem sonha tão triste acorda, morrer é não acordar nunca ou dormir cedo demais?
o dedão do pé
vem cambalear nesse tropeço de mar morto, quase uma sereia se não fosse os pés descalços e os dedos avulsos, despontados em todas as direções que o pé teima em não seguir. a linha é clara, a estrada é reta, quem mandou nascer unha do dedo do pé e levar topada na testa?
caetano
Caetano, tu quer pera? quer pai, pedra, palmeira? quer xerem de almoço com leite de coco? quer uma rede trançada na mão? deita aqui calado, faz careta, chupa o meu dedo mindinho: se derreter, é teu.
fine
eu não acredito nos outros, talvez por saber em mim mesma que garantias nada mais são do que incertezas ainda confusas, fins ainda não finados
fine
deve haver um lugar onde as coisas se findam tranquilamente e sem questionar o que veio antes daquele momento.
rattle
costumava arder embaixo da minha pele uma camada de ausência, eu sentia tanto, era tanto amor, meu Deus, eu sei que amei. preciso permanecer grata pelo que foi, ainda que segure a carcaça do desvivido em minhas mãos? preciso mesmo ser grata por esse invólucro? ou deveria sacudi-lo como a cabeça dos loucos, como o chocalho da cascavel anunciando um ataque disfarçado de mato e música mexicana barata?
dias
é um dia quente e uma noite agradável. e o intemperavel tempo, essa lesma morna que nem passa nem morre.
eu vou embora
peço desculpas de antemão para mim mesma lá na frente, por saber tudo que sei e insistir em esquecer, para que assim leve a vida da maneira mais madura que se tem que levá-la. aguardam ansiosos no final, com flores e um sorriso de vitória: você sobreviveu.
vive às custas de um talvez
finge ter fé, vive esperando o milagre. basta um pé atrás do outro e o embalo dos passos que se segue, saia da inércia. eu não sei mais dizer o que quero ou eu não quero dizer mais nada?
esperar dona mulher da foice
trabalhar, dormir, comer, casar, qual o sentido? nenhum, não é sentido. pra cima é norte, pra baixo é sul. ou não. vire 180 graus e tudo muda, mas a pergunta persiste intransigente: qual o sentido? eu não aguento mais acordar todo dia e ter que olhar no espelho pra saber que continua tudo a mesma coisa. look up, look up; thats what the spirit guides said.
quando foi que minha pele engrossou? era como um homem coberto de queimaduras profundas, sem uma pele para protegê-lo do mundo, totalmente exposto aos olhos crus. sentia cada gota molhada de chuva como um banho de ácido; afogava-se de ardor. era o sol também, inimigo. e a brisa, e os odores fortes, e a línguas dos cães, e o choro forte do bebê. tudo é ameaça para quem não tem defesa. mas
havia engrossado a pele, a finalmente pele. depois de tanto viver, acumulou um pouco de todas as experiências tão sentidas e deu que formou-se uma fina camada furta-cor das coisas: era poeira, raio de sol, cheiro de cigarro, resto de parede, sangue. era uma fina seda perolada, sem cor de pele nenhuma. quando foi que minha pele engrossou? e sentiu novamente o calo nas mãos,
your love
me, the dog and the moon
strange things have happened to me
but nothing as crazy as love
i know how to remember
but i can never feel it again
its like the national anthem
from a foreign hellish nation
but
sung with your tongue
28.9.15
coisas q n d p n
i like to get high and think about the things I can't write
and I feel bad for myself
like being me was the worst option someone could pick
1. Eu tenho verdadeiras obsessões; no momento está sendo Kurt Cobain
2. Vivo constantemente atormentada pela ideia de que tenho algum transtorno de personalidade; no momento a possibilidade que mais me noia é o TPH
3. Faço sempre comparações involuntárias na minha cabeça
4. As vezes nao consigo dizer quem realmente sou nem o que quero
5. Sou sensível demais
6. A solidão me assusta
coisas q n d p n
i like to get high and think about the things I can't write
and I feel bad for myself
like being me was the worst option someone could pick
1. Eu tenho verdadeiras obsessões; no momento está sendo Kurt Cobain
2. Vivo constantemente atormentada pela ideia de que tenho algum transtorno de personalidade; no momento a possibilidade que mais me noia é o TPH
3. Faço sempre comparações involuntárias na minha cabeça
4. As vezes nao consigo dizer quem realmente sou nem o que quero
5. Sou sensível demais
6. A solidão me assusta
25.9.15
13.9.15
fu gia se
curvou-se, fez-se pequeno novamente, imaginou voltar ao antes de tudo, ao ventre materno. pensou-se tao pequeno que esqueceu dos outros, dos outros que o observavam achando que ali era mais um vergonhoso homem vulneravel. mas ele nao, ele queria de volta o tempo em que os outros nao importavam e que o corpo comportava mansamente o seu existir, sem muitas perguntas. mais que aos outros, fugia-se.
o anti-vida
sinto que deveria existir em mim um lugar para estes sentimentos
sinto te dizer, mas nao me dou com tua ausencia. as horas titubeiam ao redor desse novo centro de ponteiros que virou teu rosto, o tempo passa lentamente como um veneno cravado no ar, angustiante, fina lamina cortando os minutos ao meio e separando-os em dois, em mais. como se fosse justo esperar. como se a solidao nao fosse suficientemente so, tendo que se-la sozinha de si tambem, tendo que se-la separada ate de mim que a sinto, restando apenas a tentativa inutil de aproximacao ao nada mais proximo. cade voce, meu amor? sera que alguem no mundo alem de mim mesma pertence a esse instante tao intensamente quanto eu agora? em algum lugar do mundo eu sei que voce existe, e esse é o unico pensamento no momento que me aterrisa de volta nessa cama deitada. sozinha sou menos que eu sozinha.
cheguei aqui onde prometi nao voltar, aqui bem perto de alguem que nunca está tanto quanto gostaria que estivesse.
receitas
receita para o amor:
ame
sal a gosto
receita para o sucesso:
tente
erre
tente novamente
receita para a vinganca:
moa sentimentos
remoa os sentimentos
sirva frio
receitas
receita para o amor:
ame
sal a gosto
receita para o sucesso:
tente
erre
tente novamente
receita para a vinganca:
moa sentimentos
remoa os sentimentos
sirva frio
numa noite gelada de ausencia
corri dos teus bracos e me atirei no Pacifico gelado tentando me livrar dessa angustia, mas ja era tarde e entre um e outro grao de areia, meus pulmoes encharcavam de voce
the heart is the loneliest muscle
I understood myself only after I destroyed myself.
And only in the process of fixing myself, did I know who I really was.
engoiando palavras
- e voce é o que de maria luiza?
e o que era eu, antes de ser o que quer que fosse para maria luiza, para nina, seria nina para ela, entao? mas ainda assim, usaria de uma referencia externa para me identificar e entao ser, e eu precisava nao ser espelho nesse momento. o que sou eu de maria luiza, sem se estender e sem muitas explicacoes, mas ainda assim, ainda tao resumida aquele vinculo que era apenas uma parte dos todos que eu era, era dificil dizer o que era eu, enquanto tentava saber quem era eu, de maria luiza. era amiga, mas era tambem algo mais, como o encontro do rio com o mar, que nao é rio nem mar e é estuario, agua salobra. pois era o amor posto num prisma, visto atraves de um cristal multifacetado, sendo amor de amiga, de amante, de mãe e de louco, nao havendo um carro chefe que levasse aos outros atras, todos enfileirados de maos dadas no meu peito e eu sem saber qual deles escolher para dizer "sou entao isso de maria luiza"
e maria luiza, que so para mim ja era tantas, imagina pra ela mesma pra todo mundo? nina,
engoiando palavras
- e voce é o que de maria luiza?
e o que era eu, antes de ser o que quer que fosse para maria luiza, para nina, seria nina para ela, entao? mas ainda assim, usaria de uma referencia externa para me identificar e entao ser, e eu precisava nao ser espelho nesse momento. o que sou eu de maria luiza, sem se estender e sem muitas explicacoes, mas ainda assim, ainda tao resumida aquele vinculo que era apenas uma parte dos todos que eu era, era dificil dizer o que era eu, enquanto tentava saber quem era eu, de maria luiza. era amiga, mas era tambem algo mais, como o encontro do rio com o mar, que nao é rio nem mar e é estuario, agua salobra. pois era o amor posto num prisma, visto atraves de um cristal multifacetado, sendo amor de amiga, de amante, de mãe e de louco, nao havendo um carro chefe que levasse aos outros atras, todos enfileirados de maos dadas no meu peito e eu sem saber qual deles escolher para dizer "sou entao isso de maria luiza"
e maria luiza, que so para mim ja era tantas, imagina pra ela mesma pra todo mundo? nina,
i wish i was like you
e é verdade, ela é louca. e o que é ser louca, afinal? sou normal apenas porque defini que ela é louca? esse adjetivo tao traicoeiro, entenda, um adjetivo deveria adicionar, como um ornamento, um relogio, um turbante exotico, deveria descrever, sem tirar nem por, no minimo. mas ela, ao dize-lo, "ela é louca", o que eu fazia na verdade era roubar-lhe o direito de ser ela mesma, de se reinventar, de errar outros erros e quem sabe ate, alegando tao veemente aquilo, estava tirando dela o direito de me amar, como se sendo louca fosse tudo que pudesse fazer, tudo que pudesse ser e seria. louca era eu, ladra ladra ladra, que usava meu veu para cobrir os outros e os meus dedos como gatilhos cheios de palavras que escavavam o mais bonito dela e ela, tao esperta, soube ser ainda mais linda a cada golpe que a destruia.
dig for fire
"sim", ela disse, e eu sentada as margens daquela afirmacao como um caozinho diante do muro das lamentacoes, querendo ver o outro lado e procurando e farejando loucamente o que havia por tras daquela imensa e solida palavra que nao queria ver, pq era isso q eu fazia, cavava e cavava as palavras ate que achasse o sentido que queria
all apologies
tudo na vida é uma distraçao, simples assim, algumas mais cativantes e naturais, outras simplesmente necessarias, como se viver fosse trair-se e então é preciso olhar para os lados. mas nao é. viver é a forma mais sutil de trair o tempo, é a busca de uma existencia mais fluida, e distrair-se nao é retornar ao estado de nao-traicao propria, mas trair-se melhor, afugentar-se do ato imediato e atento do vigia que observa a pessoa sendo, e a pessoa sou eu, e o vigia tambem, e voce é o meu dis mudo na frente do traidor que senta e observa a tudo com severidade impecável.
before my words
é tudo tao meu ate que se torna fala, entao é perdido: dado: empacado na boca sem querer sair ao mundo e ser: eu vi uma coruja branca, por exemplo, "uma coruja branca?" sim, tenho certez, "mas nao seria albina, entao?" nao, ainda tinha um resto de preto nos olhos, como uma formiga afogada no leite, "e nao era um passaro grande? branco?" me custa dizer as coisas para que acreditem, tendo que explicar ate a coruja branca que vi, quem dira apenas as coisas que pensei, que pensei ter visto pousadas em mim;
como uma semente entupida, sera que entopem? eu nao disse isso, eu apenas pensei, sim, uma semente entupida que cresce num diminuto dela mesma, pra dentro;
(um silencio escandalizante aqui, talvez o grito abafado da semente)
as três da manhã vc fica tão só que escuta as engrenagens do mundo girando
lembra daquele dia na beira do começo? voce nao sabia, nem eu, mas estava começando, e voce nem eu sabiamos tambem do que se findava ali; na beira;
lembra?
carreguei com orgulho minha colecao de erros ate ali, segurando bravamente o estandarte de fracassos que usava como pedras para atravessar um rio, pedras movediças, minhas pedras de maria segurando meu fracasso acima da linha da agua e nao deixando que atirem as pedras em mim, pois sao minhaas, e nada podem contra mim se anuncio antes o fracasso com glória, ó! ó! ó!
nao deixe que a vida te leve, escandalizada pela tua ausencia, feito um cavalo montado por um fantasma, assombrado pela solidao da sela vazia, a sela turcica vazia,
atente à superficie; é la que te direi o que queres ouvir, ate que evapore no fogo dos outros e volte na chuva mansa para dentro d'àgua;
a sela turcica vazia, pousa entao uma coruja branca
la fora é cheio demais e aqui dentro mal me cabe
the crunch
eu estava em crise, o pais estava em crise (crescente ou descrescente?), nao havia nada mais sensato que tatuar a palavra crise
needs correction
she had to keep heraelf distracted, whenever there was aomething her heart longed for, whenever she had to get things done. not that she wished time to go faster, time was uncontralable as far as she kept track of it. the long pile of personal disasters had taught her the way to go through her life: by not paying enough attention, by looking the other eay so that her self destructive invisible hand wouldnt smash her dreams again.
10.9.15
10.09.15
It took a while to get home. Drifting through traffic was easier than getting through the solid silence that had installed itself on the backseat, an unwanted guest with no common sense. We had just left the movies downtown, Gaspar Noé's "Love", and I wished I could have been glued to seat and just leave tomorrow, or the day after, or whenever it felt right. But that just meant I would spend the rest of my life, no matter how long it would be, plastered in front of a screen in a small dark room somewhere. It didn't feel bad, I'm sure that's how it worked to a lot of folks out there. And now I was out there and my eyelids would never show me a good movie, as much as I closed them tight over my retina.
habits
Yes, I loved her. And I knew she loved me. But that wasn't enough, when was that ever enough? Every time my heart was struck by that bolt it was only a matter of time until my brains could pick up the pieces and put them back together into something less, into something common. Love would be as ordinary and essential as brushing my teeth in the morning, cleaning my face with water from the tap. And then less. Like two trains stuck on the same tracks, heading over to somewhere safe that never came, never able to keep each other side by side. There is always more than one train in the track, but they have to keep a distance. A safety distance. I wish we were two wagons on the same piece, but cleaning the tartar from my teeth in the evening is far easier than thinking about these things, and even that sometimes isn't enough. Bacteria that crawl between the tiny cracks of solid calcium, teeth, the ones we use to grind all kinds of meat, including nails and upper lips, they have a way of running into the bloodstream and reaching the heart. Bad love habits, too, may kill you all of a sudden. I guess loving someone is indeed as falsely simple as keeping the cavities away.
“Let everything happen to you
Beauty and terror
Just keep going
No feeling is final”
5.8.15
luiza
não chora;
descama bem-aventuradas pétalas,
desliza entre minhas redes,
entope minhas veias de carinho
infarta o meu amor.
Luiza
tuas mãos fazem sombra sobre meus olhos, e assim vejo
e sob a sombra dos teus mesmos olhos, adormeço
Luiza
escada sem fim
minha pesca num lago vazio
a porta escancarada no peito que traz barulhos de casa
sei, meu amor,
e por saber muito bem, cortei e dei-te minhas asas.
Luiza
acelera meu coração no primeiro som do teu nome, "Luiza", eletrizante como um choque no fim de um banho quente.
Luiza
se a minha vida não passasse dessa única vida
talvez tivesse a fé necessária
talvez tenha te amado em outras
mais bem vividas vidas.
30.7.15
limite entre o agreste e o sertão
isso de colocar linha, de definir as coisas nisso e naquilo é muito do homem. a natureza não é assim; ela respeita as transições. entre o agreste e sertão tem uma terra que não é nada, que é um pouco de tudo.
23.7.15
sobre isso
o hálito cetônico dos dias quando dizem "passou"
se morrer de amor, bem
mas se for de Alzheimer, melhor
sobre a densidade dos momentos
passarão os dias; vividos intimamente e se de tão perto ouvidos, soam como uma nota perdida após outra. mas uma vez que dão-se as mãos, uma vez chegado o final da coisa, então tranquila senta e escuta a música completa que teus fracassos unidos ecoam
saudade
se engana quem pensa que é feita de distância
pior é aquela que se sente e se toca
de tão espero que respira
a falta que faz
talvez seja hora de voltar aos cadernos
aos terços
mas sempre me faltaram palavras e fé
hi-lo
somos duas margens de um rio que inunda a cada gesto seco desapercebido
por que o mau humor?
não sei sorrir em despedidas
violão, hambúrguer & eu
se eu tivesse cordas
se minha carne fosse crua por dentro
talvez assim me tocasse
nem que fosse com os dentes
não
i crawl towards your heart
like a wounded bird poor of flight
but a river has
não.
rastejo em direção ao teu peito
como um pássaro ferido no voo
e entre os abismos de nossas montanhas, teus seios ansiosos
nasceu um rio seco de amor
21.7.15
saudade
estranho sentimento aveludado
escrito em letra de forma
único da língua portuguesa
e da tua língua, quando longe.
oi luiza
eu sabia que você vinha. eu te amo, às vezes contra a minha vontade. muitas vezes me sinto incapaz de amar alguma outra coisa além de mim, e até a mim mesma, às vezes é um amor fraco ou pequeno. acho que os pequenos corações sofrem mais, tendo que se fazer maior na medida que são povoados por tantas pessoas. amei pouco e muito nessa vida, nunca e sempre amando as pessoas que de fato amei. quero ter você comigo, quero te dar cartas entregues em cada beijo com as coisas que eu nunca saberia dizer pra mais ninguém. o futuro é uma eterna inquisição, o presente é uma máquina de escrever que não para, o passado é uma história que não se apaga; gostaria de poder pegar todos esses três ingredientes da minha vida, junto com minha pequena porção de mim, esmagá-los em algo bom, em algo tolerável, e te dar de comer disso, preencher esse teu vazio, esse teu vazio tedioso com um pouco de mim, mesmo que pra isso tenha que me fazer um pouco menor, um pouco menor do que já me vejo. mas não. meu amor, meu amor te fará vomitar de tão grande, te deixará náuseas que outros invejarão, tão grande e violento será a passagem dele pela tua vida. e depois, anestesiada por essa porrada inesperada, minhas maos te colherão tal uma flor rara que brotou no meu peito, tal uma ave milagrosa que pousou na minha cabeça e me concedeu pensamentos melhorezinhos.
oi luiza, teu nome as vezes ecoa na minha cabeça de forma redundante, como pequenas pancadas de belezas em cada parte interna de mim, às vezes em lugares que nem sabia existirem mais. oi luiza, oi, oi, oi. as vezes os dias passam como um arrepio para lembrar de quando passavam sem você, como se antes de ti tudo fosse uma preparação para esse momento. oi luiza, porque as vezes sinto que você não escuta meu coração que bate e apanha, que mudou seu caráter latente para poder dizer três sílabas quando bate: lu-i-za lu-i-za lu-i-za lu-i-za.
ah, meu amor, a dona da minha besta mais feroz, você me espreme nas tuas mãos cansadas de pegar os sonhos e eu só quero escorrer por entre teus dedos como um suco de algo melhor. não entendo das coisas infinitas, eu mesma sou comigo uma coisa tão perecível que só me resta escolher a melhor forma de morrer nessa vida, e eu escolho você no final de cada pergunta.
oi luiza, para que nunca tenha que te dizer tchau.
te amo
a rosa muda
és uma rosa, descolorida pelo tempo cruel que nunca te matou
apagada por ventos que nunca te levaram
consumida por abelhas que nunca te amaram
és o retorno da vida ao estado natural de todas as coisas, rosa desacontecida
um caule de vertigem, e nada mais.
na barriga de pássaros
foi-se o tempo em que o amor era rei
ou rainha
ficaram apenas tuas roupas velhas no meu corpo de migalhas
migalhas que nem os pássaros ousam pedir
me engole, deixa eu voar na tua barriga e pousar, na primeira excreta, onde quer que a vida queira
padece
é a pressa que cai
inalcançável presa dos dias
são passos sempre grandes demais para pernas pequenas como as minhas
a vida inabitável das pessoas
o mundo ao redor é quase outro, despelado e indecifrável
tão óbvio é o drama, tão óbvia loucura essa de sentir
meu desespero, meu desespero sozinho se camufla entre sombras de árvores e de gente
gente sempre tão certa de si
eu não caibo aqui
não me encaixo nessa pele que se estica cansada a cada respiração
frouxa
o peito sobe e desce
a gravidade avança
a terra gira imóvel
e eu me coço num lugar que nem sabia que existia
eu não reclamo mais
me sento num banco de balançar e balanço
me levanto e ainda balança esse órgão que habita meu crânio
quem me deu esse cérebro certamente não sabia
que ele funcionaria tanto
queria estar mais perto agora
de mim, da alegria, da fantasia de estar feliz
mas estou aqui com esse peito e essa cabeça que não cabem em nada
com essa dúvida que nada diz
todos dormiram e eu fiquei acordada vendo os gatos de rua
as paredes grudentas de solidão
e uma falta de palavras que atiça esse mergulho
contra as paredes
13.7.15
noite
nao te findes, fome
o que seria do povo magro sem ti
de que rangeriam os dentes afiados de tanto roçarem uns nos outros
quem morde a carne morde também a ausência da carne
como sorriria minha boca sem tua ausência entre os molares
há um gesto contido nos músculos da face
a tensão abraça o estômago e aperta
não te findes, fome
já não cabe mais nada
noite
a vassoura repousa os restos do chão num canto sujo
passa teus olhos sobre mim, diz meu nome, me batiza
olho para a rua procurando meu nome
que boca dirá tuas palavras novamente?
noite
sinto tua falta, tua estranha falta que se anuncia tão logo chegas
sou um pássaro pobre de voo
sou um estômago revestido de tuas secreções mais íntimas
uma veia do peito enlaçada numa artéria da cabeça
noite
tenho um câncer herdado nas veias
o câncer das horas que me foi transmitido na hora exata do primeiro choro
uma doença que me ensina a viver morrendo
de dia, de noite, calada no quarto ou queimando em outra
minha vida, por que me obrigas a isso?
os cigarros alimentam a fera para que a noite da minha alma não caia na terra
apenas pouse vez ou outra nos restos escuros dos teus passos vazios
noite
uma janela basta
com vista para fora, com olhos discretos e murchados de tanto ver
escorre a noite, essa velha traiçoeira que me pede esmolas
e se esconde de dia em palácios luminosos
quando visto tua pele e teu manto escuro
te peço um beijo, e nada acontece
quando me encolho num canto de mim, derrotada pelo esforço de querer
rastejas feito cobra
me olhas feito cão
e me beijas o teu assombro
noite
sou um homem irrealizado em mulher
pequena mulher de músculos e rosas úmidas
pequena vontade contida no fundo da garganta
de calçar outros passos, de caminhar outra vida
é necessário que me doas para que possa te dizer quanto dói
todo o resto que o mundo parece não sentir
ou ao menos sentir melhor que eu
noite
aponta o caminho com a bússola das tuas vontades
e eu sigo
pelos canais de uma Veneza afundada
lembrando os passos da água em meio a tormenta
sou uma calçada iluminada por sombras dos pés que marcharam
até onde tinham que ir
assim como eu tenho que sentir tua ausência
mesmo quando repousas sobre meu peito
noite
dançamos dolororidas obras de arte
dançamos silenciosas preces
estamos perdidos na dança do tempo,
na herança dos dias que nada perdoam e nada geram
a não ser essa dor órfã
noite
gira no meu peito um furacão cego
sou um cão que rosna sem dentes para uma noite sem piedade
você dorme na cama
na cama para a qual gemestes, delirando,
na cama na qual parimos essa vida a dois
a três
a mil
incontidos nesse peito fraco e pintado de estrelas
as estrelas do peito se apagam, a noite murcha, tal qual a rosa das tuas pernas
e o que me resta são teus gritos abafados num travesseiro
o que me resta é toda dor infinita.
12.7.15
quem sabe
tão terrena é a vida, de amor, de carne, de vento fresco, e quando acaba, sempre no mesmo sopro inútil de um último suspiro, como um susto invertido, ou um desdém mentiroso.
red like my mothers eyes
todo nascimento é vermelho
assim como toda vida é espelho
(quem sabe um pouco mais fiel)
a realidade de quem a possui
mergulho
adormeço como uma pedra atirada na água mais funda
rezo, peço, não creio que acredite,
mas pior que o fundo do profundo
só a tensão das superfícies
frida
o ronco dos cães em muito se assemelha ao dos homens. será que sonham? será que se assustam ao acordar lembrando quem são?
um dia minha alma há de descansar inteira
eu me vendo por pouco, eu sei, mas é sempre mais caro o preço da solidão.
9.7.15
seeing myself
Most of the times I feel like I don't really know who I am, like I'm looking at myself through this reflection on the water of a lake but I'm not really that image, I'm the water and all its unknown creatures underneath.
7.7.15
anxiety
The hole in my chest just keeps getting larger
The thoughts in my mind just keep getting darker
If you had a girl, could I please adopt her?
Just let me try once more, raise a lie once more
It's not really fair we get only one life before us
I swear I have tried all the pills, these white coats just give me the chills
I used to believe in some kind of magic
But now I prefer the term "addict"
This fucking mind sucks all my reality
And I'm stuck with nothing more than this
6.7.15
to build a wall around my head
presa em um momento que parece custar toda uma vida
pendura um espelho no rosto dos outros
talvez assim eu veja o que realmente
importa
4.7.15
im stickin with you
meu amor se preocupa tanto
nós vivemos num mundo de vaidade
e eu não sou tão bonita assim.
29.6.15
25.6.15
23.6.15
19.6.15
vocês verão
no futuro as pessoas vão ter pele bronzeada
animo
hábitos saudáveis
elas vão andar de bicicletas de mãos dadas
mas nada de ruim vai acontecer
vocês
verão
por enquanto, nesse inverno
eu vejo as velhas de peles manchadas e tatuagens flácidas
vocês verão
17.6.15
balde
"txõ
a ideia é massa
tenho já algumas coisas especiais pra esses momentos
alguns rituais
ia ser fantraaaaaaastic se a gt fosse
(to beba)
hihihi
to não
seila
vou parar de escrever pra não estragar o momento e as pessoas olharem pra essas coisas escritas e pensarem: wtf balde?
💭"
burning up
I haven't seen you for ten days or so
And I've been counting
Like a child with a fever
And now I'm burning up
My ages say I'm an adult
But somedays my heart will not be told
Hearing teenage symphonies
Dancing through my head
The younger tones are on the phone
This is how you make me feel when I'm alone
I just can't get enough
Burning up
classico revisitado
acordo atrasada pro trabalho
mais atrasada que ontem
e é meia hora de trânsito
pra passar três quarteirões
essa prece diária aos corruptos
depois do café e antes da pressa
é meia hora enlatado no carro
é meia hora sem ela
são trinta minutos de vida
e o sol me esperando nua na cama.
16.6.15
luiza
a ansiedade só passa após algum episódio de violência. por que a necessidade de afastar o que mais gosto?
15.6.15
10.6.15
yrslf
it doesnt matter how young you die, as long as you've experienced the true meaning of being yourself.
9.6.15
love is like a bottle of gin
i had this beast, this terrible, white, desperate beast locked in my chest, fed with pills and weed and alcohol, oh alcohol was always the key to the cage.
the fear
como se o peito de bruços sob o travesseiro fosse uma forma de manter fechada a porta daquela jaula onde um bicho se debatia, possesso de vermelho, decepcionado.
a primeira vista não entendi a que classe animal pertencia aquela criatura, mas depois quando olhei melhor, vi que a jaula eram meus ossos e o sangue era meu é aquele bicho nada mais era que o meu medo, pela primeira o via assim, dominado. nas outras vezes lembro apenas de um grito rubro na minha cabeça e todo o consumo de anestésicos que seguia.
love toujours toi
love is a barking dog deep in the night
7.6.15
6.6.15
you know you're living when your life becomes a blur
no meio das tuas pernas, um pensamento distante e a novidade: o passado começa a ficar embaçado
4.6.15
deus
deus é um enorme caracol que carrega o mundo nas costas
peça pra ele, minha filha
peça pra ele ajeitar sua cabeça
deus, eu sei que você carrega muito peso
mas seus passos estão muito devagar
slugs
passos arrastados do nascimento a morte
olho para rua e tudo que vejo é transitório
nunca o mesmo carro estaciona na mesma vaga
e a vida é assim
as pessoas se arrastam lentamente
porém ainda estão se movendo
as vezes me sinto estática
como o cigarro que queima no cinzeiro
independente dos tragos
escreva
não releia
não mostre
o que você tinha a dizer já foi dito
e a incompreensão é sempre um problema dos que entendem
e não do incompreendido
você não entende nada
você não entende nada, ela diz eufórica sobre a nova crise
nada como um cão sentado as margens de você
para que tudo faça sentido
why
o incompreensível é sempre um problema
não para os quem não entendem
mas para os que precisam entender
Assinar:
Postagens (Atom)