aqui está o segredo; todo mundo tem medo.
por isso é melhor fechar a janela dos olhos e afastar com a pata quem farejar o medo, permanecer na distante segurança de quem se finge de morto. o seguro é o indecifrável, as frações de ser que pouco a pouco tomam uma forma diferente lá fora, uma forma líquida que vai escorrendo como um fino véu de mentiras que endurece e vira pele. toda leveza de uma alma se esconde atrás de um pedaço de carne podre, a superfície rasa de várias camadas de ondas que afogam qualquer tentativa de escape. freud chamava de "mecanismo de defesa", eu me pergunto "contra quem?"
nós mesmos.
aqui está a salvação do universo; unir versos.
unir palmas e cantos, unir corpos em danças e unir o medo à exploração. unir as forças e romper com a barreira viva, aguamolando em pedra dura até respirar o ar de verdade. abaixo do medo, eu. acima do medo, nós. o medo da solidão empurra para fora num parto que rasga todas as regras e ficamos estabanados sem saber fechar aquela ferida de tanta verdade, aquela ferida que dói de verdade, fugiu da rédea e foi. só nos resta unir a dor à ferida, a mão ao sangue, a saudade à entrega, o lábio ao beijo, a alma à outra, as superfícies que se afogam nos profundos. unir o pensamento à fala, o querer ao ser, o eu ao você em um simples medo de verdade de nunca mais ser nada disso novamente.
nós, mesmo.
2 comentários:
não se faz mais amor aqui?
para que falar por aí? aqui se faz amor, não sexo explícito
Postar um comentário