25.5.10

i'm satellite high

se as pessoas soubessem como eu me sinto terminalmente fraca, se elas lessem o desânimo na minha cara ou a fragilidade no meu sorriso, ninguém ousaria perguntar "tudo bem?", simplesmente me dariam um abraço, ou partiriam caladas. se elas tivessem a menor do idéia do barulho que faz aqui dentro enquanto passo a marcha, enquanto folheio um livro, enquanto mordo um sanduíche, enquanto fico calada, elas jamais perguntariam "porque tas tão quieta?", simplesmente sentariam ao meu lado naquele silêncio de quem reconhece, ou partiriam caladas. se, por um segundo, elas experimentassem essa morbidez que me tapa os olhos, que me torce o estômago como quem passa fome, que me deixa metade ausente de mim, elas jamais diriam "maria ta tão estranha hoje", simplesmente aceitariam minha ausência como um sinal de fraqueza, aceitariam que pouco podem por mim, e partiriam caladas, mas conscientes. se, ao levantar pela manhã, elas sentissem a pressão que sinto no corpo, a culpa que pesa na consciência, o peso de várias vidas nesse ombro pequeno, elas jamais brincariam "essa cara de sono é ressaca...", porque é ressaca sim, de uma vida inteira, de várias vidas incompletas. não, se elas segurassem nas mãos todas as bolas desse malabarismo, todos os esforços desse viver, toda ausência de cores e sabores, toda velocidade do pensamento, elas jamais julgariam caladas as minhas ações nem a falta delas, elas jamais teriam força para levantar qualquer pose de orgulho, nem tempo para bolar qualquer plano de fuga, elas simplesmente desabariam num choro que ficou preso aqui em mim, emaranhado com todos os nós dessa vida, que me afoga por dentro. só que elas não sabem, essas pessoas, ou preferem não saber, e seguem caladas, ou perguntando coisas que não ouso responder, porque o peso da resposta é insuportável, e só meu.

2 comentários:

uma das três disse...

pareci que eu escrevi isso.
medo

m, aparece no 123 vai porfavoor
a ausencia de voces me mata

. disse...

reação é só reação, se reage a tudo e qualquer coisa nessa vida, não acho que tenha a ver com ficar na defensiva, é como participar, a minha não-participação por exemplo seria ainda uma forma de participar, permitindo que tudo acontecesse sem interferir.

e eu nunca vou entender essas pessoas. Falta sensibilidade em quase tudo, as vezes quando me perguntam se já não está na hora de voltar a ser "normal", tenho vontade de responder que tenho conflitos maiores do que trocar meu carro por um novo ou ficar triste por não conseguir uma viagem pra fora do país as custas dos pais.

o pior de tudo, é saber que a maior parte delas vivem tão superficialmente, que são mais dignas de pena do que eu, que mal posso segurar nas mãos o que escolhi.