9.11.15

deixando para trás tudo que já foi dito e feito e me dando a chance de recomeçar de agora, como se tivesse acabado de surgir aquele teu primeiro "oi" tímido e sem vergonha no canto superior dessa tela, esquecendo por um minuto que seja de tudo que já falei e ouvi, abafando lá dentro o passado para que possa te dizer isso da forma mais neutra e presente: sinto falta de me sentir desejada, de quando teus olhos sentiam falta de ver minha pele, de quando, ainda que por aquele momento, vc me fazia sentir a mulher mais linda do mundo. sinto falta de te querer, não pq te quero menos, mas pq ao longo dos dias as minhas tentativas não surtiam mais efeito, você parece não estar mais ali como estava antes. quando te espero, com a mesma ansiedade de sempre, e quando me despeço, com os velhos sintomas de saudade precoce, não é mais você. talvez tenhamos criado uma tolerância ao amor, assim como foi com a maconha e os remédios, e talvez eu precise te dar mais e mais para que surta sempre o mesmo efeito, mas prefiro pensar que não. tem sido sempre menos, esses dias, e eu tento me dizer que em breve tudo voltará ao normal, enquanto vc insiste em me dizer que o normal é isso aqui. mas como pode ser normal que eu sinta tão singularmente nesse relacionamento a dois? pq acreditei que era normal todas as vezes que me sentia sozinha quando tava logo ali ao teu lado? eu to vazia de palavras, ainda assim: digo. 
acreditei no nosso amor, te amo ainda e não há dúvidas, mas acreditei que seríamos sempre duas crianças deslumbradas c os acontecimentos da vida. achei q riríamos ao falar de morte. estico meus braços sob o volante e deixo minha cabeça pender para qualquer lado, cansada, vidros embaçados lá fora e aqui dentro, e no final do meu pé esquerdo, sinto a goteira e o rastro de água quente vermelha que me seguem, secando menos o amor a cada passo. 
 

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