21.10.14

você quer uma história melhor
quem não quer?

1.9.14

I

nobody will ever fall in love with me beacause I don't exist.

25.8.14

today

there are walls and once you press your shands they slide like doors. we fall in love with possibilities, I fell in love with the wrong possibilities of you. it is never enough, no one enters the skin and I can't leave it either.

23.8.14

Margolis

I was uneasy all day long
and no pill and no cigarette helped me out today
I hope he said yes and I hope it echoes.

richard siken

eu tenho trechos de poemas pra mandar mas não tenho quem os receba, algo assim dizendo "and the man threw his sadness away but he still had his hands."

22.8.14

just say you will

you wanna rock my boat, its ok, its ok, this is my river too
and I can float on forever.

stay awake

i dont have a skin like you do, to keep it all in like you do.

21.8.14

eu não sei mais

se eu te disser que te amo, preciso dizer também o que fiz ontem a noite com um estranho? ou o que basta é o amor?

20.8.14

who are you?

im a little girl in love ♥️

17.8.14

hoje

há uma sede em mim que por vezes chora, sem derramar uma gota

16.8.14

as memórias

as memórias devem ser contempladas como paisagens distantes de algo que foram, à distancia, sem qualquer proximidade que seja, vistas pela ponta errada de um binóculo, para que haja tempo de correr caso resolvam montar a galope e aproximar-se como se estivessemprestes a acontecer novamente.

no mam,

home is where your heart hits the wall and sits back in your chest.

sobre a vida

life is a joke but you only get it at the end.

é como ano novo, só que no meio do ano

o sol vai nascer a qualquer momento e me falta o intelecto para descrever o momento
embora no peito nasça uma pedra vulcânica de erupção que ninguém viu.

julia

- porra, misturou o md com o doce e a porra do pó que rafael cheirou
- caralho, calma po, fica calma que vai ficar bom
- não velho, exatamente isso, ta do caralho agora, o problema é que isso poderia durar minha vida toda e não vai!!

Charlie

unicórnios são mitos que carregamos em nós mesmos.

youyouyouyou

well I've seen your face again and it shocked me how much you looked like yesterday. 

do what you want

fecha os olhos
paraaaaa
vai, fecha os olhos e escuta esse refrão
lá vem tuas bichadas...
agora imagina ff atrás de tu se esfregando e fazendo o que ele quiser

balde & julio

que demora, eles foram transar ou dormir?
acho que transar e depois dormir :)

pompei

sim, se você fechar os olhos pode ser que pareça que nada mudou, ou no máximo que a mudança foi prevista, ou expectada, as vezes até desejada, se você os fechar forte o suficiente.

mas não

se as pessoas tivessem o tempo, como o tem as borboletas, de se preparar para ser o que se é, ou o que será, ou o que quer que seja.

14.8.14

as línguas se estalam ao dizer

as pessoas falecem, se vão, batem as botas, passam dessa pra melhor; de forma mais simples, elas são atropeladas, súbita ou lentamente, pelo mesmo mal que não ousamos dizer: elas morrem.

e o que fica é sempre um espaço morto a ser preenchido pelo que der, veja bem, pelo que der, pois nada mais caberá ali novamente. 

had i not loved before, i could swear i was a virgin

eu não sei do seu corpo, não entendo o seu sexo, embora entenda de corpos e de sexos, mas não o seu porque o seu faz de mim uma menina branca, imaculada, suja apenas na cabeça.

livro

como num livro em que a história vinha se repetindo e repetindo e repetindo incansavelmente, as palavras aos poucos se escrevendo em minhas mãos, quando então me lembrei: falta passar a página. 
agora há um deslumbre branco e uma caneta inexperiente e daqui em diante, a história é minha.

ffffffffuck

tenho contemplado uma vida dentro de minha própria, como se houvessem injetado um veneno vivo em minhas veias que corre lentamente, aveludando com fogo todo o lado de dentro, doce que sinto com todo o corpo, feito tivessem crescido papilas gustativas no interior de todo interior e eu não passasse de uma menina sendo chupada por um pirulito.

ffffffffuck

tenho contemplado uma vida dentro de minha própria, como se houvessem injetado um veneno vivo em minhas veias que corre lentamente, aveludando com fogo todo o lado de dentro, doce que sinto com todo o corpo, feito tivessem crescido papilas gustativas no interior de todo interior e eu não passasse de uma menina sendo chupada por um pirulito.

smile, it's a trap

você que está aqui o suficiente para poder ver meus olhos de qualquer ângulo, presente o suficiente para achar que de fato existe, ou que existe para mim, pelo menos, que posso te ver também. mas, não. esse é o centro de uma extensa e longa teia traçada minuciosamente pelos meus desejos, uma teia que estende-se até os cantos mais escuros de um pensamento e que corre por trás de minhas pupilas ilusoriamente dilatadas como se visse algo de interessante. não, o interessante está dentro e no final, lá no fim da intenção de toda teia de aranha: to trap.

12.8.14

ansiedade

é como se alguém tivesse disparado um tiro e todos aguardam o pousar da bala, mas ela não tem fim no ar.

ei você,

por que a pressa se não sabe nem pra onde vai?

9.8.14

lisboa

há um silêncio peculiar ainda que tudo pareça um grito contido.

amor

cerre os olhos um pouco mais, isso, mais um pouco, e aí quando estiveres cega talvez entenda o que eu digo.

8.8.14

go

I wish I could start over and just forget every single time I erred the same mistakes, but it is there every time I look at someone, I can see at the back of they're eyes the same look and it says "well, when's the next disaster coming?"

7.8.14

Sérvia

in an orthodox country doing unorthodox shit 💙

duka

você diz que eu não sei o valor das coisas, que eu não conheço o trabalho por trás do dinheiro. você sempre me deixava ganhar quando brincava de xadrez (isso; brincava; se fosse jogo, haveria perdedores), e tudo isso fica explicitamente evidente no fato de te culpar por minha incapacidade de lidar com a dualidade da vida. eu sei que há luz e eu sei que há sombras, apenas não aceito que ambas devam ser simétricas.

4.8.14

foda-se

o cara mais engraçado do mundo ri até hoje da sua melhor piada: o primeiro amor nunca morre.

lesson #1

you must never cry kid, never, not even when the tears fall.

3.8.14

boa noite

o desejo suicida surge todas as noites, pontualmente. 

2.8.14

tenha sempre ao alcance:

1. um bom livro
2. caneta ou lápis e papel 
3. um hipnótico (não-benzodiazepinico, de preferência)
4. a possibilidade de uma chamada a ser recusada
5. o silêncio imediato
6. uma janela aberta (de preferência de qualquer andar acima do 5o)
7. um plano B

o abandono #1

porque na fronteira entre um pais e outro, o pai não deve gritar com o filho que ficou pra trás.

eu

e assim que voltar, uma academia de urgência, quero ficar linda, eu, eu, eu, quero começar toda frase com esse pronome pessoal do descaso bem reto, sem ver mais ninguém, eu, quero ficar bonita, eu, quero me envaidecer de mim, eu, passar horas no espelho mirando nada mais que eu, porque quando a morte calhar de acontecer, quero que ela saiba que eu me preparei sozinha.

que abuso dessa gente que viaja e esquece.

não me diga que tenho que estar feliz porque estou viajando, como se o problema fosse Recife. o problema sou eu, e seja em Lisboa, em Belgrado ou na puta que me pariu, ainda estarei aqui.

a vista da janela fala mais do que qualquer livro, e basta um passo para o silêncio imortal.

jamais no veremos de novo, a não ser que tenhamos o azar de dividir o mesmo inferno
antes de se infernizar na próxima
vida.

da doce mecânica do choro

meus últimos choros tem sido tao pontuais quanto as ultimas menstruações, e ainda que não pretenda engravidar nunca mais, o sangue tem que descer por conveniência e fisiologia, da mesma forma que meu choro nada aborta, sendo uma lágrima oca e desprovida de qualquer alívio, ou sentido.

o avesso da pergunta "tudo bem?"

que engraçado, você olharia pra mim e diria de certo que não mudei nada, e olha, acho que até te agradeceria por isso, por essa cegueira indiferente, antes aquela merda conhecida do que essa loucura nova, muito pior, muito mais muda, aprendeu a ser discreta, aprendeu a gozar em todos os corpos, eu não tenho mais tanta frescura, nem medo, me tornei essa coisa seca, sabe? mas só sabe mesmo quem vem a mim com sede, e de sede morre.

berlin

oh, darling! won't you keep on trying to ruin my favorite city in the world for me, I beg you do, please do! 

discrição

sejamos secretos sobre o amor, assim como sobre a insônia e os motivos que trazem a insônia, e as pessoas que trazem o motivo da insônia, e por que não o amor ser motivo de insônia? mas que pergunta besta viu, ô meu filho acorda pra vida, mas seja discreto também.

olha ta aqui o que eu te diria se te encontrasse agora em algum lugar, mas não.

dea, que saudade de tu! parece que faz anos embora tenha quase certeza que há umas três semanas nos tenhamos visto, mas enfim, tas tão bonita, na verdade vocês duas fazem um "casal massa", como disse bruna coutinho, e é verdade, faria as duas facilmente hahahaha, brincadeira vai, mas sério, porra que massa que tas com uma câmera digital, qual o modelo? eu era puta contigo visse, pense que eu tentava fazer essa menina gostar de alguma coisa,mas graças a deus vingou né, antes tarde do que nunca!, meu novo lema de vida, "antes colar grau depois do que nunca né?" hahahahaha, pois é, mas conta aí, só eu to falando, como vão as coisas lá na tua casa? tua mãe aloirou muitos viagem? deve ter sido massa po, sonho um dia em ter isso pra mim também, mas ta difícil né, se bem queria difícil pra tu também, toda noiada e agoniada c essas coisas, pena que não pude viver um pouco mais disso, mas acho que foi o necessário pra tu deixar de frescura logo e se assumir mermo, até parece que eles podem falar alguma coisa... e a família de luiza é massa também né? me enche de orgulho essa geração sapatão maconheira, é isso aí, comemorar os 18 anos com a namorada em amsterdam é simplesmente foda viu, ta de parabenzessss hahahahaha, e tu toda do bagulho agora também né, heeeeee isso aí, paz de jah, hahahaha que merda, mas bem, que massa vei que tas tao mais "livre" sabe? se eu fosse tu, estaria orgulhosa de tu, assim como estou mesmo não sendo você, maaaas se eu fosse, estaria também, e é isso, tenho que ir, minha vida umtimamente tem parecido aquelas companhias de shopping Center que você desvia o olhar por um segundo e a do vê, já se perdeu dela, enfim vai lá, beijao, por favor aparece no enterro, vou pedir a alguém de confiança que te avise ta? andrea + 1, eu sei, HAHAHAHAH, vai vai, sério, beijo!

o insensível desvio das linhas retas ensinados na escola

desenhe uma pedra e, no lado esquerdo do que deve ser o lado esquerdo de uma pedra, desenhe um coração da forma primitiva dos pre-escolares, entortando uma linha reta em três quinas redondas. agora deixa a pedra sofrer em paz.

aos que não sonham mais, deliram

a minha camisola tem uma trama de pequenas insônias que visto toda noite e rodo, rodo, rodopio até que a barra da noite alce voo e eu seja o centro do tempo perdido.

ao redor tudo passa

foi por ter medo que resolvi ver, para ver se deveria de fato continuar a te-lo ou se morreria o medo quando eu resolvesse olhá-lo de frente: deu-se o seguinte, meu amor, você não me assusta mais, os pais com seus discursos moralistas e autoritários não me assustam mais, a vida na sua indelicada pressa não me assusta mais, as noites foscas não me metem medo; estou aqui no mesmo lugar em que você estava quando te vi, lá de longe, e tive o último ataque de pânico. estou aqui sem saber se pisei em alguma das tuas pisadas, sei que estas feliz, até sei onde estais de fato, e isso não me assusta. ultimamente me tornei uma pessoa distante e tão minha que não poupo mais a mim mesma e por isso assusto; engraçado ver meu pai com medo de mim, por uma vez na vida, escolhendo o tom para perguntar se levarei maconha para viagem, e eu dona da resposta e a resposta pode ser a que eu quiser, como é nova essa sensação tirana, a resposta é minha, ainda que não seja a verdade, ele se treme de medo porque ele apenas aguarda a ordem, a palavra, e eu escolho o que será dito. sim, estou distante de tudo, e à distância tudo é mais tolerável, à distância as pessoas se apreciam em fotografias onde, de tão distantes o olhar, nem presentes estão. mas eu estou presente em todo canto, com um desejo louco, e não faço uso da palavra por licença poética não, faço por justiça, desejo louquíssimo de remar a ré desse corpo e afastar-me cada vez mais da costa, sem direção ao oposto, nem a nada: eu quero a apatia dos dias em que ninguém foi a rua, quero ser a exata folha de um dia qualquer que de tão inútil, permaneceu afixado ao calendário, não valeu a pena o trabalho de esperar o próximo pois o próximo já era e eu desaconteci em becos vazios, chuva e câmera lenta.

1.8.14

♥️

foi uma onda, uma terrível onda ouriçada, e uma ânsia faminta de pele, e em seguida todos os pelos eretos, todos os fios quentes e sedentos elétricos, eletricidade estática seca, esperando apenas o toque, esticando-se para receber, mesmo que sem querer, o toque, e dele eclodir uma nova onda, dessa vez molhada, um rio de nascente exatamente no ponto, corre, corre como um desejo sem fim para satisfazer, corre a onda e mingua o sexo e de repente explode na ponta dos dedos cravados e explode na garganta o grito, finalmente encontrando seu fim numa ressaca manda, quase morna, quase satisfeita. 

30.7.14

to be

fumando um no jardim inacessível, não poderia ser mais eu agora, na minha própria casa.

fffff

quando você quer transar pra sentir qualquer coisa viva dentro de si, mesmo que não tenha amor, mas uma coisa viva, uma coisa dura, ainda que não dure mais que cinco minutos 

ff kk mm

a minha não nas tuas costas, queria ter unhas para crava-las em ti, para te rasgar e te guardar num pedaço morto de carne embaixo da unha sedenta, queria lamber toda tuas costas, com a mao no volume, massageando, gemendo, uma mordida no lobo da orelha, você não hesita, apenas insiste, lentamente escorrendo pela coxa, molhada, toda molhada, você trouxe água pra toda essa seca, e agora se recusa a bebe-la, sem sexo. 

29.7.14

HDH

no momento exato da passagem de caso, percebi o medo, o julgamento, a insegurança, tudo na cabeça, claro, tudo na cabeça, mas aos poucos volto ao molde de ferro como se me defender fosse tudo que pudesse fazer.

28.7.14

27.7.14

conversas engraçadas com pessoas indesejadamente íntimas

por que você num atende o telefone dopada e diz que me ama por engano? 

e eu não tenho mais mãos para segurar a cabeça.

te peço com urgência que venha me salvar da vida, pois ela acontece demais ultimamente,

fotos


colcha do peru

e toda noite deitar-me numa colcha tramada de memórias boas.

sobre isso

não escrevo para posteridade, escrevo para o amanhã depois de hoje mesmo, pra ver se ele chega, se eu chego até ele, se em algum ponto do caminho nós chegamos em algum lugar.

26.7.14

náuseas

que linda, e como vai ser o nome dessa flor?
andrea luiza
lindo

as mortes

me fala das mortes. o que você quer saber das mortes? não sei, conta de uma, falar de uma é falar de todas, não? não, cada morte é única, embora o cheiro que antecipe seja sempre o mesmo, e os olhos se percam sempre da mesma forma, como se vissem algo muito bonito além. 

louco é quem esquece.

você diz que sou louco, sue sinto demais, era assim que você dizia "o problema, maria, é que você sente demais". olha, louco é quem esquece, ta bom?

25.7.14

dormitório, imip.

tem uma pessoa roncando e eu não consigo dormir e
muito mais do que matá-la, nesse momento,
eu gostaria de deitar do seu lado
e dormir também.

ilhas, olhos & outras coisas distantes

foi então que vi teus olhos como um par de ilhas que sempre foram, cercados de água como sempre eram, você chorava tanto naquela época meu amor, e eu não sabia o que fazer, a não ser remar, e um dia cheguei, mas já era tarde, minhas remadas nunca subiram pra caminhar e sem saber o que fazer, deitei na beira dos teus olhos e chorei também.

diz agora, o que?

te destruo assim cruelmente, passando uma caneta pelo teu nome, rasurando o teu resto em mim. hoje sei o porquê de, que tantas vezes te deixei esperar no final da pergunta, mas por que você faz isso?, olha, se ainda te interessar, eu já sei, e se te interessar ainda, eu acho que já sabia desde cedo, talvez de sempre; era você que havia se tornado tão eu que foi necessária a destruição, assim como fazia comigo mesma. 

sobre desenhar uma montanha e a palavra redenção

não nasci de minha mãe, não; nasci das minhas próprias mãos (com alguns ajustes da gravidade)

sobre aproximações e aparições

nós sabemos, você & eu, daquela porta escancarada no fundo do peito, daquele olhar entre-aberto, sabemos bem, e por saber demais onde vai dar, temos medo da aproximação, sabendo que aproximar-se é inevitável. 

sobre aproximações e aparições

nós sabemos, você & eu, daquela porta escancarada no fundo do peito, daquele olhar entre-aberto, sabemos bem, e por saber demais onde vai dar, temos medo da aproximação, sabendo que aproximar-se é inevitável. 

o que faltava

entre eu e você, não faltava amor, entenda: faltava mais era ser visto.

do meu

não preciso rodar o mundo pra saber o que eu sei, do mesmo jeito que não precisei rodar o mundo pra esquecer o que eu esqueci; meu tempo é meu, independente da estação do ano, pouco importando a cidade, o fuso horário, a cor das pessoas. já vivi dias inteiros de noite e noites que nunca acabaram. 

se eu pudesse viver novamente eu dava a vida pra você.

somos tanto das coisas que morreram, num processo de constante reciclagem; você me enterra morta lá no fundo, e aos poucos vou arrumando outra forma de viver, desintegrando-me no interstício de você, deixando ir o que tiver que ir, se algum dia te menti, já foi embora, se te machuquei, foi embora, foi embora porque morreu, e aos poucos o que sobrou de bom, porque sempre sobra meu amor, é só questão de separar bem o lixo, aos poucos vai sendo reabsorvido pela tua pele que já não me estranha tanto, lentamente jogada nas correntes que circulam por ti, passeando, passeando, até que um dia me veja de volta a superfície, talvez numa qualidade que adquiriste, talvez numa simples gota de suor, não importa tanto, seja qualidade ou simples gota, você vai se olhar num reflexo de qualquer coisa e o susto será um sorriso, e um leve toque sobre mim, seja eu o que for, você vai sorrir sabendo que sou eu, e partirei esperando a próxima vez, se é que haverá uma próxima vez, não sei quanto de bom ainda resta em mim para ser usado, mas meu amor, como você fica linda em tons de saudade, como eu te fiz melhor que a mim mesma...

24.7.14

maçã & outras carnes femininas

eu aceito, eu enxergo, faço questão de ver bem visto mesmo que é pra ver se a puta da minha cabeça aceita de uma vez por todas que ela está feliz com outra & a mãe, no chiado, vendo bondinhos subir e descer, vendo as pessoas que passam, do jeito que ela gostava de fazer, de olhar aos outros sendo eles mesmos, eles mesmos trazendo os legumes pra janta, eles mesmos levando seus cachorros pra passear, eles mesmos recolhendo a merda do bicho, vejo tanto ela lá agora, sendo ela mesma também, de uma forma que tanto sonhou, imagino as três bêbadas, e tia Louise chorando as últimas decisões que tomou, falando depressões sobre a vida, mas rindo, como se fosse muito mais leve do que de fato era, essa vida, e ela bêbada cuidando da mãe, e a outra bêbada também, cuidando da filha da mulher que não estava bem, e logo tia Lou entendeu o valor de Luiza, pois era necessário uma pessoa amável para cuidar da sua filha que por fim, cuidaria dela. foram estabelecidos os papéis de cada uma ali, e tudo indicava que o três postos - a mãe, a filha & a outra - já haviam sido preenchidos pelas pessoas certas, e que a coisa maior poderia vir a morar nessa casa em poucos dias.

eu te anulo

sim, não tenho dúvidas da natureza obsessiva dos meus sentimentos por você, as vezes me pergunto até se são de fato sentimentos ou um sumo viciante extraído da razão, tão espremida entre minhas mãos quando as levo a cabeça e me ponho a pensar. mas já discutimos isso antes, você não estava presente ainda que quase te materializei de tanto desejar a presença, ou seria temer a ausência? creio cada vez mais que é isso, que temo muito mais a tua ausência do que de fato deseje tua presença, presença que nunca soube dividir o instante com a minha, não por histrionismo ou amostramento, mas pela incompatibilidade que eram nossas vidas juntas, como se uma anulasse a outra temendo a anulação própria, de tão pleno que era tudo, cada falta de coisa cementada ao ponto onde não havia mais a falta em si, e sem a falta não havia a curiosidade, nem a dor, nem a vontade, nem nada que me fizesse querer sair daquele prazer infinito que era como deve ser um útero, do qual ninguém quer nascer. então veio o parto junto com a partida, a intolerância do teu corpo pelo meu, a plenitude perfeita se desfez como todas as coisas perfeitas: num rasgo, num murro, num qualquer coisa agressiva que caiba num pequeno tempo, de birra, pantim, tantrum, enfim; veio a depressão logo depois da raiva absorvida pela felicidade estática daquela união, pela felicidade abafadíssima, e o cheio de medo que exala uma pessoa feliz, provavelmente possessa de uma raiva secreta e intimia que só conhece nos sonhos, nós sonhos onde te apresentam janelas e você não sabe voar, nos sonhos onde você tem o melhor discurso do mundo pra aquela dor acabar e quando você acorda vê que era apenas coragem, nada mais que isso, que foi corajoso como num teste, mas de que nada vale na vida real. 

cálculos

me dei conta do quanto perdi nesse tempo de espera, fazendo as contas o total chega a 4kg, 67 carteiras de cigarro e cerca de 1,201 dias de vida.

&

queria agora um sentimento intraduzível, ausente de sentidos, que seja como a música clássica; apenas o som e nada mais. 

poética

medicina ou poesia? não que necessariamente uma anule a outra, de jeito nenhum, mas uma vai ter que crescer mais que a irmã, acontece o tempo todo na natureza, os gêmeos mesmo, sempre tem um maiorzinho, a diferença é que na natureza é ela mesma quem escolhe né, já vem desse jeito e depois ninguém
pode olhar pra trás e ser culpado, já nasceu assim, literalmente, enfim, tem um dilema que me rói agora e é basicamente o seguinte: qual dos dois salva mais vidas, a poesia ou a medicina? não, não acho absurda a comparação e se você achar, isso indica que você já morreu pra poesia, mas ainda ta vivo pra medicina, não que não aconteça de um dia você despertar pra poesia, ao contrário da vida, uma vez nascido na poesia, não se morre mais, só de medicina, porque aí vem diabetes, hipertensão, sedentarismo, obesidade, tabagismo, aí vem exame de sangue, raio x, remédio, plano de saúde, plano de morte, e se não chegar ninguém a tempo, você vai morrer velho, to dizendo, não falta opção pra se morrer dessa vida, mas eis que, sei lá, um dia na sala de espera de mais um consultório você leia um texto, ou uma poesia, sei lá, e aí você para de morrer um pouco sabe? claro que você vai continuar morrendo, vai ter que continuar tomando os remédios, mas a vida começa a ganhar um outro sentido além de uma precisa contagem regressiva num relógio suíço, e quem sabe você comece a se preocupar menos com o sono e mais com o sonho? enfim, não sei, mas acontece de muita gente nascer pra um e não pro outro, tem quem seja poesia antes de nascer, ainda na barriga ou na idéia da barriga, tem quem seja só um exemplar de vida mesmo, enfim, já decidi 

poesia

eu leio tanta coisa, bula de remédio, clorambucila, por exemplo, é agente anti-neoplasico, ataca as células com palavras difíceis, leio também os pacotes de biscoito, sem gordura trans, solidário com o IMIP, cheguei até a ler placa de carro formando palavras com as consoantes escolhidas, pfv é por favor, pst é póstumo, e por aí vai, porque desconfio que a poesia, as melhores poesias, estão escondidas nessas coisas doentes de cada dia.

o mito da felicidade

mas é bom também receber uma carta de um conhecido feliz, de alguém que você sabe existir, mesmo que longe, mesmo que nem lembre direito como deve ser sorrindo, porém feliz, e vivo, o suficiente para desmistificar o fato que ninguém é feliz, porque em algum lugar do mundo do remetente do envelope, alguém o é.

a tríade das coisas

"I used to think that if I dug deep enough to discover something sad and ugly, I’d know it was something true."

sim, eu também, costumava pensar que cavar seria a eterna iminência de encontrar, e que o encontrado seria sempre algo triste, feio e cru, talvez como eu achasse que deveriam ser todas as coisas por dentro, o cerne de toda coisa viva; triste, feio e cru. triste porque a vida em si, em todas as suas formas, seria a tristeza ou a tentativa oposta da tristeza; feio porque nenhum olho jamais batia ali, logo não havia motivo para ser bonito, não havia em si a pressão da vaidade nem a ideia de beleza, era um simples (simples?) sentimento feio que andava escondido um pouco abaixo dos outros; cru porque o sol jamais alcançava essas profundezas, tampouco o calor humano, nem nada que não fosse triste ou feio ou cru também, e assim eu ia procurando qualquer coisa branca que possuísse as três características da coisa achada, as três marcas premonitórias que não passavam de uma desculpa, e as desculpas não existem, existe apenas o estrago que elas encobrem, ou tentam, mas enfim, seguia procurando a tríade da coisa, e sempre que por acaso vinha de esbarrar em uma, dizia "olha aí, veja como esta certa em procurar, você está achando as coisas tristes, feias e cruas porque elas de fato existem" e as vezes via umas coisas que não eram necessariamente tristes, nem feias ou quase nada cruas, mas forçava a barra, fazia vista grossa e dizia "achei mais uma!" porque era necessário que as coisas fossem encontradas para serem destruídas, talvez como um quinioterapico destruindo as células e as células que parecem com as células, na dúvida né, melhor sacrificar as boas também, para que não sobre mais nada de triste, feio ou cru. 
eis que um dia, já vinha fazendo isso no automático, já acordava com uma parte ativa de mim caçando, até mesmo nos sonhos começaram a desaparecer as coisas, as coisas marcadas por umas das três características, e começou a despontar um rosto no lugar onde havia morto uma coisa. então eis que um dia o jogo mudou, as regras mudaram no momento exato em que olhei o teu rosto pela quinta vez nascendo de uma coisa morta, e o alvo virou você, um pouco depois de ter percebido que o teu alvo tinha virado a mim, e então eu caçava as coisas tristes e feias e cruas e em seguida esperava um pouco mais, com olhar de morto, e assim que brotava o primeiro nariz ou a primeira intenção de um olho, apertava meus três dedos, indicador-triste, médio-feio e polegar-cru, espremendo a infrutífera tentativa como se ainda fosse a coisa, mas não era, não era mais crua pelo menos, causando uma pequena hemorragia doce, de sangue sabidamente meu, no princípio pouco, alguma horas mais tarde ainda pouco, porém sempre contínuas, aquelas pequenas hemorragias, cresciam na medida que te destruía, e logo destruíam a mim na sequência, um vazar de dias, dias e mais dias, quando comecei a pisar em poças internas de sangue próprio, e seu rosto estampava tudo por dentro, essa coisa que não era triste, nem feia e muito menos crua, como era vivo teu rosto, de vida minha parasitada? de vida tua independente de mim?, e qual doía mais, eu não sei, eu não sei se era saber que meu pouco que sobrava agora servia para te alimentar também, e que o simples fato de existir a mim carregava no colo a tua existência também, mamando em meu próprio seio, ou - não foi decisão fácil - ou se doía mais te ver ali por acaso, por simples ironia das vontades, independente, vivendo em mim apesar de tudo, inclusive de mim mesma, sem qualquer vínculo ou desejo próprio ou necessidade, essa palavra doi, já não havia mais a necessidade. o sangue agora chegava aos meus joelhos, meus dedos do pé inchados, vermelhos, encharcados por dentro, por fora pareciam pés, pés marcados por outros pés, coisa que passa, enquanto por dentro eu sabia o tamanho da coisa que os atingia. no dia em que a marca vermelha atingiu meu sexo, e eu sangrei loucamente como uma mulher em parto, era tanto sangue meus deus, tanto do meu sangue ralo vindo a tona assim, com os coágulos da vida, derramando no chão por coisa inútil, não haveria de nascer nada ali, se não a minha morte, ou o aborto da vida, e aí deu-se que: esqueci das coisas tristes, feias e cruas, talvez num ultimo impulso de vida, ou talvez já no delírio da morte, comecei a caçar dentro das poças de sangue não necessariamente à você, o fruto indesejado das coisas, tampouco às coisas que pareciam com você, ou que pareciam a você comigo, não, por mais segura que fosse a imaginação da tua presença, era chegada a hora de olhar ainda mais abaixo, de descer um andar naqueles degraus submersos de medo, de sangue vermelho não tão vivo, foi então que enfiei o indicador-triste bem no meio de um dos teus olhos e empurrei, empurrei pelo teu pequeno crânio que eu amara um dia, perfurei tua calota e encontrei do outro lado mais de mim, como se não fosse o suficiente atravessar o inverno que foi você, como se eu estivesse pro trás disso tudo, esse tempo todo e agora chegara ao meu ponto de carne própria onde você havia plantado esse frio que eu segurei, e continuei empurrando, até que - nada, ou melhor, o cessar de tudo que vinha antes, ou melhor, uma luz dourada que podia ser tantas coisas, inclusive nada, e entres todas as coisas e nada, descobri que era eu. quem diria que ali, embaixo de tanto coisa triste, feia e crua, embaixo de tantas tentativas de te destruir, estaria a mim mesma, intacta, dourada, tudo porque me satisfiz em chamar o desconhecido de feio, me acomodei em se-lo triste e cru, porque não fui mais além dos teus rostos nascendo em feridas, porque algum dia havia lido numa revista que as coisas verdadeiras são sempre feias e tristes, e por ser fatalmente tarde, a verdade vinha a tona agora, como um raio de luz livre em meio a sangue, ou uma epifania, ou talvez um último delírio antes de nascer pra lá, mais abaixo.

23.7.14

enfim

LETS GO ON

timeless

deve haver alguma parte mais minha que você não tenha levado, nem que seja essas palavras ácidas de agora. 

CL

para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer 

trecho 1

era uma asfixia seca, sem a umidade abafada do saco plástico, embora houvesse ar abundante, oxigênio, nitrogênio, todos os compostos nas porcentagens certas, ainda assim o ar parecia magro, pouco, ausente. sonhava que passava logo a sensação, mas no sonho nem sonhar ajudava mais, continuava confinada à condenação daquela pseudo-asfixia, veja bem que engraçado seria, jamais acordar, hilário, morrer do sonho de uma falta de ar enquanto na verdade engasgava-se aos goles de vento fresco, naquele cochilo esperto depois do almoço, afogava-se na pressão do estômago cheio sobre o diafragma, mesmo que não fosse suficiente, no sonho era, no era exatamente o necessário para o que há anos aguardava, era uma faísca surgida de tão forte o pensamento que a desejava, como aquele amor antigo que roça os dentes nos próprios dentes, afiando o osso para o próximo pedaço de carne que, ele sabe, virá.

incomodo vivo

há um incomodo bem vivo ultimamente, anda cercando os momentos, por exemplo: ontem fui fumar com tito e matheus, nada demais, pegamos Belinha antes da auto-escola e fomos fumar um restinho de kunk de tito, e deu-se que no meio do caminho eu desisti, assim, como se fosse uma volta num brinquedo de parque e pudesse parar no meio, descer e vomitar num cantinho mais escondido. foi num segundo de falha que o pensamento veio a tona, e dai em diante espalhou-se incrivelmente rápido: já havia convencido meus pés de que não queria ir para lugar algum, que não havia nenhuma outra opção no momento que fosse melhor que a de ficar sozinho, e que deveria fazer o necessário para que assim fosse, ficar sem ninguém ao redor, nem de longe, deveria mesmo era pegar as chaves do carro em casa e se mandar para a casa de campo que há tempos não ia. paralelamente carregava uma conversa sobre as desgraças do dia, os desnecessários diálogos estabelecidas ao longo do dia pelas pessoas que se pegam, como eu, com o mesmo desejo súbito de solidão instantânea. mas, enquanto não podiam, enquanto fadados ali uns aos outros, alguém falava do trabalho, do chefe que enrabou o gerente e o gerente que enrabou geral, a hierarquia do come-rabo que começa la no topo e vem rolando abaixo, não escapa ninguém, tudo porque o puto do chefe bateu o carro na ida pro trabalho.

instantaneous nation

doeu, dói ainda, quem sou eu pra dizer que não?
entenda que o que agora escorre não é de minha vontade, ainda que tanto alivie.
eu sei, por isso sorrio e choro

.

como se houvesse um oceano no meio daquele abraço onde só eu me afogava. tum ta tum ta tum ta tum ta - quantos por minuto? - tumtatumtatumtatumtatumta - ta muito rápido, não consigo contar - tutatutatutatutatutatutatutatutatuta - adrenalina agora, ele num vai aguentar mais não - (e a inquisição de uma barra piscando)
entenda que dói, entenda que ainda dói mesmo o que não existe mais, entenda o que você já esqueceu, entenda o meu, o que me resta para ser entendido, mesmo que seja nada

vai

se fosse só isso, esse bem estar ininterrupto, constante e seguro, principalmente nas tardes de domingo, esse dengo mole, a paixão arrastada, se não fossem tão próximas nossas mãos agora, ou talvez o costume depois de tempos, foi um trabalhinho pra ficar assim e agora jogar fora? e pra voltar pro que, que antes não me cabe mais, ou melhor, antes é uma cidade do outro lado do rio e a ponte está em chamas, lindos tons de laranja, de azul, dizem que queima mais essa chama azul e como se chama mesmo?

vai

se fosse só isso, esse bem estar ininterrupto, constante e seguro, principalmente nas tardes de domingo, esse dengo mole, a paixão arrastada, se não fossem tão próximas nossas mãos agora, ou talvez o costume depois de tempos, foi um trabalhinho pra ficar assim e agora jogar fora? e pra voltar pro que, que antes não me cabe mais, ou melhor, antes é uma cidade do outro lado do rio e a ponte está em chamas, lindos tons de laranja, de azul, dizem que queima mais essa chama azul e como se chama mesmo?

22.7.14

nunca foi, agora é; cap.

- Elle s’appelle Christelle, jolie non ? 
- Non 
- Et elle porte la même robe que toi y a 4 ans. C’est moi qui lui ai offerte. Tu te souviens de ce jour là où tu m’as dis que je serais jamais cap te faire du mal ? Cap. Cadeau. Comme ça on est quitte. 
- Tu nous présentes maintenant ? 
- Christelle Sophie. Sophie Christelle. Ma futur. Mon passé.

protect me from what i want

https://m.youtube.com/watch?v=PbJuzq1lFdw

to pensando em tu de calcinha só minha

não precisa gostar, só sinta.


OI

please do it nicely, please remember me when you break it, don't forget it was once me, dont forget I once pleased your heart, but I know that;

1) you don know me 
2) bet you'll ever get to know me
3) you don't know me at all
4) feel so lonely, the world is spinning round slowly

xoxo, 
your ex-lover 

luz dos olhos

eu sei, eu senti, estou louca mesmo, sai de mim e fui bater aí, deus sabe como, mas eu fui velho, tenho certeza, te senti e ainda tenho aqui um resto, um cheiro, a ressaca, não sei o que é não, mas eu juro, era você.

21.7.14

?

não é inteligente só falar de amor. as pessoas que só falam de amor são as mesmas que usam como fonte de argumento a história que a vizinha contou, só que elas acreditam, e sem saber, recontam as histórias com ar de romance, mesmo que seja para narrar o último feitio do menino que mora embaixo, e as pessoas vão se seduzir por imbecilidades, tudo porque quem ouviu acreditava no amor.

?

não é inteligente só falar de amor. as pessoas que só falam de amor são as mesmas que usam como fonte de argumento a história que a vizinha contou, só que elas acreditam, e sem saber, recontam as histórias com ar de romance, mesmo que seja para narrar o último feitio do menino que mora embaixo, e as pessoas vão se seduzir por imbecilidades, tudo porque quem ouviu acreditava no amor.

degraus submersos

os dias se unem em quinas, despencam um pouco mais a cada noite, amanhecem degraus submersos, um de cada vez. se o futuro dá pé, não sei, mas a água é quente.

entre os tempos

mas já passou-se muito tempo, tempo demais, eu acredito, para poder tentar dizer, para explicar o que tanto aconteceu durante esse tempo. nem tudo foi ausência, não foi nada demais também, apaixonei-me, me permiti viver outras histórias e, contra todas as expectativas, comecei a me amar um pouco mais também. 

19.7.14

.

cade você aqui?

18.7.14

nata

foi morar no México
seis meses, depois um ano, depois não tinha mais data de volta prevista,
mas voltou um dia
assim, de pele né,
deixou o coração lá
enfim
um ano depois ela vira pra mim e diz "troco um te amo do Brasil por um te quiero de lá"

ay.

carol, cora, coral

tas aonde?
to aqui, to fisicamente em casa
aqui onde?
aqui
no wapp?
contigo, carol. sem domicílio fixo, nômade 
no meu cora?
e no corpo também. 

or else

candles light the way
god knows where

but I heard there is a place
there must be
or else
where?

global warning

desconfio do aquecimento global, todo dia é mais frio que sinto, talvez seja em outra parte do mundo especificamente? 

suddenly I had nowhere to go home to.

de repente, não havia mais nenhum lugar que fosse voltar pra casa; era só o que ficou, e o que ficou já tinha partido também.

o que vinha antes de hoje

de que adianta ir pra tão longe se quem vai sou eu? deveríamos poder voltar, mas pra onde, qual era o lugar que vinha mesmo antes disso aqui, antes de hoje foi ontem e ante-ontem e aquela série de dias que eu não soube preencher. nunca há um lugar no passado que caiba tanto presente, e que útero me caberia novamente? se fosse só eu, me invertia, aveludava tudo por dentro e ia morar lá, enlouquecia nessa ilha, mas não né, tem sempre mais, tem sempre aquela coisa que não posso falar, ela vem dormindo nos meus braços e eu não posso vê-la, também não sei larga-la, está dormindo, dormiria lá tão bem quanto aqui, e mesmo assim não deixo, não fica, vem, me deixa, calma, deixa eu tentar por aqui, pera, não me abandona ta?

meu X foi aqui.

a princípio o sonho é ser jovem pra sempre, manter a pele firme, os seios no lugar, a disposição, o coração curioso, manter-se intacta na medida do possível. mas não se pode. os dias passam, somam-se, multiplicam-se, não parece haver nunca uma pausa, um platô, um chão menos íngreme; é só subida. algumas quedas. algumas trombadas. mas ainda assim, sobe, nos trancos mesmo, a gente se arrasta, o sonho começa a se esgarçar, você pensa em outro lugar sabe? talvez outra cidade ajudaria, talvez outra pessoa chegue, pode ser que haja um revezamento mais na frente, e ontem já faz três anos, os sonhos começam a mudar de forma, a aceitar, os sonhos diminuem, a vontade diminui, a esperança diminui, os velhos já morreram de velhice, ou de esquecimento, a vaga está aberta, será que é lá que termina essa estrada toda?! já não se é mais tão jovem quando começamos a aceitar que perdemos, seja lá o que for que ficou no caminho, foi preciso deixar ou não se caminha, era peso morto, o primeiro fio de cabelo branco já estava aí há quanto tempo? que cor eram meus cabelos há dez anos? quem era há dez anos? sobe mais um pouco, não há mais ninguém no caminho, todos pegaram estradas paralelas e elas nunca se cruzam, você vai ter que envelhecer sozinha minha filha, e não há nada mais triste que isso, e um dia você vai dormir e os sonhos não virão mais, você vai acordar e eles não virão mais, então marque um X no local exato em que perceber isso: só os jovens podem sonhar.

17.7.14

from: broken

its always time to die and the clock keeps thinking
and you gotta decide if you'll be a "wanted" or a "missing" sign

sobre sorrisos

mas não se engane que essa boca é virgem; vê o canino afiado? é de tanto roçar no de baixo, as mandíbulas tensas se contraindo de vontade. nunca provou nada além de cheiro, tinha muita, muita fome.

a lembrança lembrada é uma outra vida na cabeça

- eu queria escrever um livro
- livro de que?
- não sei, não tenho nada específico em mente pra contar, é mais coisa de peito mesmo 
- conta da tua vida, tem umas coisas né 
- a minha vida mesmo não tem tanta graça, o bom são as pessoas que acontecem, são os cheiros que ficam, queria tipo, escrever uma foto de alguns momentos
- porra, eu acho válido, senta um dia e vai lembrando, anota tudo que vier na cabeça
- não, eu já tentei, não consigo, ou melhor, não aguento, não é como se eu sentasse ali com uma caneta na mão e fosse listando os acontecimentos numa folha de papel, tem toda uma revivência, você lembra de uma viagem pra Cracóvia, um dia frio pra cacete, uns 0oC pelo menos, dai vcs encontram um restaurante lindo com uma enorme Hamsa na frente, e era aniversário dela sabe? ela é judia, não sei se te falei, mas enfim, você lembra disso e de repente a memória começa a te viver também, com saudade, e aí você já não sabe mais dizer ao certo se o almoço foi bom ou ruim, ou se de fato tal coisa aconteceu ou foi coisa de um livro que vc leu na semana passada, velho você não lembra nem se de fato gostou, só sabe que ali naquela saudade tudo parecia melhor, ou pior, não da pra dizer com razão, pq na lembrança tudo vem mais bonito e triste, os papéis se invertem e você se pega sendo a própria folha branca, grava na carne do peito essa versão B da realidade, e a realidade vira uma história completamente desconhecida, que ninguém nunca saberá, e assim eu não estaria escrevendo um livro sobre minha vida, mas sim sobre outra coisa...
- então po, escreve sobre essa outra coisa, escreve sobre o teu jeito de ver o que já aconteceu, ou sei lá, para de ficar querendo lembrar demais e simplesmente inventa uma história
- quando eu conto a minha, de certa forma já estou inventando, não?  
- não, você apenas está vendo um acontecimento com outros olhos, mas se aconteceu, aconteceu
- não confio no que me acontece, e então? 

cova rasa

olha, não é fácil de aceitar, te digo por desilusão própria, já acreditei muito em ter esquecido, em ter deixado pra trás, mas já me deparei tanto com uns mortos difíceis sabe? tem gente que a gente enterra mil vezes numa mesma vida, gente que com certeza veio de alguma outra antes dessa, aquela coisa toda de karma, alma gêmea, seiq, aí não adianta, não é briga terrena não, é coisa do além mesmo, é tentar aceitar que o peito vai ser sempre raso demais, não importa quantas histórias se viva por cima do túmulo, nunca é o suficiente, esses passados imensuráveis... te digo de coração, essa merda toda é real velho, não sei se te alegro ou assusto dizendo isso, depende da maneira como você encara o fato de que uma pessoa vai te acompanhar pro resto de todas as encarnações, dai é como falei, não é questão de acreditar ou não, esta é de fato a coisa mais temida de todas, mas infelizmente só podemos abraçá-la  quando tal desgraça nos abençoa. 

cova rasa

olha, não é fácil de aceitar, te digo por desilusão própria, já acreditei muito em ter esquecido, em ter deixado pra trás, mas já me deparei tanto com uns mortos difíceis sabe? tem gente que a gente enterra mil vezes numa mesma vida, gente que com certeza veio de alguma outra antes dessa, aquela coisa toda de karma, alma gêmea, seiq, aí não adianta, não é briga terrena não, é coisa do além mesmo, é tentar aceitar que o peito vai ser sempre raso demais, não importa quantas histórias se viva por cima do túmulo, nunca é o suficiente, esses passados imensuráveis... te digo de coração, essa merda toda é real velho, não sei se te alegro ou assusto dizendo isso, depende da maneira como você encara o fato de que uma pessoa vai te acompanhar pro resto de todas as encarnações, dai é como falei, não é questão de acreditar ou não, esta é de fato a coisa mais temida de todas, mas infelizmente só podemos abraçá-la  quando tal desgraça nos abençoa. 

14.7.14

heart

i had a heart not long ago, but he left. now all i have is art.

nem a de van gogh valia tanto

era o teu jeito de ouvir, a tua entrega completa no momento em que meus lábios se moviam, atentos até as palavras que nunca disse, meu deus como sinto falta, como se o simples olhar teu sob minha pele fosse capaz de captar anos de conversa desperdiçada em tantos outros ouvidos. eu sinto tanta falta dos teus tímpanos mágicos, meu amor.

as paredes

algo aconteceu desde que você partiu, não sei como dizer isso sem soar louca, mas as paredes foram embora também, te juro, simplesmente deram as costas sem mais nem menos, deixando-me a sós com a carcaça morta da casa. sinto como se agora elas, as próprias paredes, se recusassem a participar dessa formação bizarra de um ex-lar, ainda que estejam da mesma forma de sempre, brancas, estáticas, alertas, só que agora parecem ter vista para o lado de fora, descobriram o mundo também, ficam cercando tudo aqui dentro com um ar de desinteresse que deixaria qualquer um a vontade para gritar a plenos pulmões; já não escutam mais. mas eu não, eu não tenho pra onde ir mesmo que elas não estejam, ou estejam assim, já não faz tanta diferença, se bem que até faz sabe? eu gostava do jeito que pareciam me ouvir, gostava de pensar que elas haviam chegado cada uma de um lugar diferente e dado as mãos naquele molde, optando por permanecer ali comigo, assistir minha vida enquanto eu me deliciava num livro, tomava um banho, fazia amor, eram a minha redoma viva. e como pareciam se importar, será? sentia que curvavam-se as vezes, poucos centímetros, para alisar minha cabeça (ou era eu quem me roçava de carência?), ou aproximavam-se num corredor já estreito de forma que uma bolsa enganchava na maçaneta da porta, não sei, não sei, sei que agora me parecem muito mais paradas, pesadamente implantadas ali num castigo eterno, querendo divórcio do chão, das janelas, do pé direito, queriam se desarmar cada uma por si só e procurar outro lugar, mas não podem, restam ali cementadas sem propósito, a não ser o de erguer o teto sob minha cabeça e abafar, abafar e abafar o que já se enclausurou em mim. talvez como vingança por ter sido a que ficou, talvez não também. a verdade é que a única porta desse lugar não se abriu desde o dia da despedida, e isso talvez as tenha confundido, talvez imaginem que também ficaram para trás, presas, talvez sejam claustrofobicas, ou simplesmente cansaram, ou nunca quiseram estar ali, em primeiro lugar. mas o que posso fazer? manda-las embora? já mandei, já mandei, ante-ontem terminei a garrafa de vinho que decantava na geladeira e pus-me a gritar "vão, podem ir suas vagabundas, tão fazendo o que aí ainda?", soltei a mão na primeira que vi pela frente, uma das tímidas que sempre ficara recuada atrás do sofá bege, acertei em cheio, e ela me derrubou sem nem um barulho, exceto por um gemido derrotado e inofensivo vindo da parte mais assustada de mim. tinha os olhos vermelhos, a garganta vermelha, a dobra dos dedos vermelha e os lábios arroxeados, pus-me a beija-la arrependida, pedi que ficassem, jurei janelas, quadros, mudaríamos a decoração, seria tudo do nosso jeito, mas já era tarde, não ouviam, não estavam mais, já haviam partido, não sei ainda como, tampouco o motivo exato, mas era certo que estava ali sozinha, e agora escrevo pra ti daqui de dentro, sob a pele fria das paredes mortas, onde nada respira, nem entra, nem sai, do meio do esqueleto dessa casa, ou seria um fantasma?, ou um delírio?, ou seria eu?

coracionados

mira meu coração como se fosse um espelho, pois tudo que tem nele é a ti.

café

percebi que bebo água aos montes, sempre que me pego parada vou ao bebedouro e me encho um copo, como se fosse afogar algo aqui dentro, ou ao menos diluir essa ansiedade.

me dei férias

sim, parei tudo, as pendências levitam com enorme habilidade, neguei todos os convites entediantes, fechei as cortinas pras horas, mergulhei tão profundamente nesses dias que descobri a minha própria superfície, ou talvez fosse uma bolha de ar puro vazada de uma cratera quente.

13.7.14

definitely not today

há dias levíssimos onde os olhos se abrem com brilho e a beleza das coisas parece gritar!!!! à minha vista.

o esquecimento faz p(arte)

tudo que fazemos, não há mistério; só queremos ser lembrados.

baby's address in paradise 💙

14532 coloma ln
Odessa, FL 33556

saudade

essa sina de quem nasce na língua portuguesa, de poder chamar de algo o inabitável vão entre duas coisas de fato; quando assume forma humana, estica as pernas e caminha até nascer, lá longe, no peito de alguém.

out getting ribs

Hate runs through my blood
But my tongue was in love
But my heart was left above
I've gotta leave you now

7.7.14

a questão você

não podia dizer que não, quando o não muitas vezes não passa de um sim adormecido, sendo assim, quando digo "não quero" ou "não sinto", me refiro puramente ao agora desse exato instante, podendo em minutos despertar de uma profundeza alguma outra coisa. mas para que haja a negativa, é necessário também que haja o conhecimento de um sim, que se identifique em algum lugar do corpo a existência dele, e só após encontrada a carcaça morta e inabitada dessa vontade sim, pode-se qualificar o não como um não de fato. só que, o problema, veja bem viu, o problema é a esperteza que essas palavras criam ao longo dos anos, trocando de roupa as escuras para evitar a exterminação completa.


sou berço de mil vontades adormecidas.

a palavra

a palavra nua, no seu sentido desprovido de adornos, essa me fascina, ainda que sobre ela repouse o meu reflexo do que quer dizer, mas não; se for nua, verdadeiramente crua, não há de haver por trás das letras um leque de opções; será ela, mesmo que incompreendida.

6.7.14

banho-maria

e se tudo tivesse sido mais aceitável em mim, se não houvesse tanta repressão herdada nos gestos de carinho, será que as palavras sairiam com menos critério? será que eu falaria tanto e tão pouco quanto os outros? tem gente que me entedia só com o olhar, o olhar vago, com uma falta de ver tão absurda que suspeito serem ocas, ou, muitas vezes, cheias de qualquer coisa rústica que simplesmente nunca precisou ser repensada antes de existir. tenho medo de me tornar cada vez mais frouxa ao redor dos lábios, de um dia adquirir tamanha segurança sobre mim que simplesmente falarei tudo que vier a cabeça, e aí será o fim do bom gosto, o mel mais puro diluído em qualquer coisa de volume; meu maior medo é um dia perder esse concentrado tenso que penerei por anos, repousado em banho-maria.

futilidades

a futilidade das coisas desnecessárias à vida interna, porém extremamente, digo extra extremamente necessárias à sobrevivência de toda vida na superfície, aquela que torna mais fácil a respiração, a que permite um caminhar tranquilo em mergulhos de meio palmo, de retorno seguro, a superfície que distraí toda tensão profunda e calada que habita logo abaixo. a futilidade seria então necessária também? e sendo necessária, seria ainda fútil? pois eu sei que o que existe há de existir apesar de, seria apenas uma questão de peso. seria então a futilidade uma dieta para a incarregavel existência? uma massagem nos músculos da mão que segura o inseguravel da vida, é quase isso. mas ainda é fútil, de forma que vive-se aquilo para não viver isso aqui, tornando-se ao mesmo tempo libertadora, permitindo a respiração, ainda que muda, ainda que o ar passe entre canos tão congestos de palavras que, entre farpas, vence a barreira ainda com o cheiro do que não foi dito.

ainda

também não sei dizer ao certo o que habita aqui dentro, apesar de um par de olhos voltados ao avesso. cada mergulho é como um mergulho na água turbulenta de um mar que não tem onde explodir sua raiva, um mar que nada beira e logo nada beira: cerca-se de si mesmo num afogamento da água pela água mais profunda, moldando sua existência líquida à uma falta de limites angustiante. jogue um corpo ali e ele boiará tão denso o conflito.

g.h.

mas há também a necessidade ser vista, mesmo que por alguém tão mudo que nada diga, a necessidade é apenas dos olhos repousados sobre mim, sem muito piscar, sem que haja tantos desvios, do contrário em um desses lapsos me perderei em outra coisa, ou morrerei rapidamente de carência. sim, é necessário criar uma pele, antes de pensar no resto, antes de pensar em um coração ou um cérebro ou rins, nada funcionará se não houver uma camada de pele satisfatória aos olhos recobrindo todo caos interno. mas, ater-se a necessidade de tal coberta significa cobrir-se, você entende? você entende que quando digo cobrir-se, digo da forma como uma colcha cobre a cama em que se dorme; não se dorme na colcha, porém durante o dia é tudo que se vê, é tudo que é necessário para que evite poeira, para que evite o desconforto de uma visita sentar diretamente no íntimo da minha cama. então estou coberta, admito. talvez por algo que não necessariamente criei para mim, mas talvez pelo molde dos anos adormecidos na pele, ou pela crosta leve que o tempo cria em tudo que é cômodo, e mais do que cômodo, aquela coberta me era essencial, sendo o olhar sobre ela a única coisa mais importante que si mesma. 

delírio bonito

quase ver, com todos os detalhes minuciosamente retrados numa tela que se projeta a cada piscar de olho fechado, a tua presença desiludida pelos tristes momentos onde faz-se necessário o enxergar, desejando a cegueira de um amante apaixonado, num frenesi epiléptico de uma criança ansiosa; mordo teu cheiro como se fosse carne.

dormiu

amor, não dorme 
que em breve te acordo para um outro estado
esquece a vigília 
esquece o sono
fica comigo aqui, entre um piscar e outro.

dormiu

amor, não dorme 
que em breve te acordo para um outro estado
esquece a vigília 
esquece o sono
fica comigo aqui, entre um piscar e outro.

carol

a vontade, a enorme vontade aumentada pela lupa da distância, ainda que pequena, não tão facilmente contornada, suficiente para fazer da vontade um querer tão forte, quase um delírio bonito.

vontade de você

dormir na vontade, 
na vontade crua de uma só carne;
a tua.
um sorriso faminto revela o dente afiado, afiado de tanto roçar em si mesmo
é uma fome 
que o olhar não sacia
que o cheiro não sacia
que a memória come
presságio longe
tão perto você chega
mastigo tua sombra
e não sobra nada.

3.7.14

resgate


com um olho fechado e o outro atento, aconteço naturalmente, a madrugada vira dia e nada anoitece, além de você no meu peito.

se eu pudesse te medir, do jeito q pesam as maçãs no supermercado, seria um mergulho sem fim. a gravidade não foi justa no peso dos teus problemas. 

vá em paz, meu amor

"deca, eu não sei se me cabe mais falar isso, mas eu to aqui pra você sempre, de coração e a qualquer hora. sei que a situação não é fácil, respeito sua vontade, mas eu me importo contigo, eu gosto muito de tu e quero te ver bem... não esqueça de que pode contar comigo, mesmo que nem sempre possamos nos falar, mas meu coração tem sempre um pensamento bom pra você! fique bem, seja forte como você sempre foi e chore quando não der mais pra ser. mais uma vez, te amo muito e sempre. beijão :)"

desembrulha esse pacote no peito, respira e estica os pés: o caminho agora vai brotar entre teus dedos, leve como uma brisa.

2.7.14

fato:

não conheceu muitas mortes, mas conhecia muitas vidas e sabia que era apenas questão de tempo até a equação se inverter.

quatro e meia da manhã

os vira-latas meditam 
há um silêncio não abafado
a mulher beija o filho boa noite
e depois o marido 
a louça na pia parece levitar e quase não existir
essa noite os vivos dormem o sono dos mortos 
e os mortos dormem como se fossem acordar
vivos
com as dívidas quitadas
e nem um segundo de tempo perdido.

⚓️

"Ninguém enlouquece junto; enlouquecer é uma ilha."

30.6.14

A espera (ou "volte logo, Carolina")



Começa alguns instantes antes dela ir embora, do mesmo jeito que só passa após alguns longos minutos de volta à desejada presença. Entre uma costa e outra do tempo, fico à beira de um abismo quente, flutuando na espera, me desfazendo das horas com um fio vermelho latejando entre as pernas: basta ela puxar que vou. Mas, para isso, é preciso que esteja, e na demora, fico pensando;
Em ir lá fora tomar um sol para bronzear um pouco as têmporas, ganhar um ar mais vivo, ver se me livro de uma vez por todas dessa gripe que há semanas não passa. Preparo um suco de morango, lentamente fatiando a fruta como se de dentro dela fosse escorrer algo que não sua polpa, aguardando uma eterna surpresa que, eu sei, não haverá, pelo menos não agora. Delicadamente seguro na mão aquele pedaço vermelho de quase carne, tão pecadora quanto a maçã, com seus milhões de sementes ingerminadas, como se as frutas também pudessem ter o sexo, e dele o prazer, sem obrigação de reproduzir. E em seguida me dou conta; ela me faz querer morder aquele morango, assim como ela me faz querer ensaboar mil vezes as mesmas partes do corpo, apenas imaginando que minhas mãos não são as minhas, embora sejam, embora também aquela fruta não seja carne, eu sei, mas há algo de novo no vermelho que me deixa excitada. Não estou louca, veja bem, pelo menos não de uma forma que não seja socialmente aceita; estou apaixonada, e eu juro, as frutas estão inexplicavelmente doces ultimamente. 

A espera (ou "volte logo, Carolina")



Começa alguns instantes antes dela ir embora, do mesmo jeito que só passa após alguns longos minutos de volta à desejada presença. Entre uma costa e outra do tempo, fico à beira de um abismo quente, flutuando na espera, me desfazendo das horas com um fio vermelho latejando entre as pernas: basta ela puxar que vou. Mas, para isso, é preciso que esteja, e na demora, fico pensando;
Em ir lá fora tomar um sol para bronzear um pouco as têmporas, ganhar um ar mais vivo, ver se me livro de uma vez por todas dessa gripe que há semanas não passa. Preparo um suco de morango, lentamente fatiando a fruta como se de dentro dela fosse escorrer algo que não sua polpa, aguardando uma eterna surpresa que, eu sei, não haverá, pelo menos não agora. Delicadamente seguro na mão aquele pedaço vermelho de quase carne, tão pecadora quanto a maçã, com seus milhões de sementes ingerminadas, como se as frutas também pudessem ter o sexo, e dele o prazer, sem obrigação de reproduzir. E em seguida me dou conta; ela me faz querer morder aquele morango, assim como ela me faz querer ensaboar mil vezes as mesmas partes do corpo, apenas imaginando que minhas mãos não são as minhas, embora sejam, embora também aquela fruta não seja carne, eu sei, mas há algo de novo no vermelho que me deixa excitada. Não estou louca, veja bem, pelo menos não de uma forma que não seja socialmente aceita; estou apaixonada, e eu juro, as frutas estão inexplicavelmente doces ultimamente. 

24.6.14

ex-vida a dois

reduziram os talheres na hora de por a mesa. sobrou comida na panela por quatro dias, então resolveu diminuir as porções pela metade. demorou para entender que agora cozinhava para um só, e quando o fez, perdeu a fome. a louça acumulava na pia, o mais moderno monumento da decadência, da depressão, da preguiça. antes era obrigado a limpar, antes alguém ia chegar, tinha plateia no fim do dia para aquela tarefa tão desapercebida. mas agora, agora nem o banho tomava, sentava na cadeira o dia inteiro encarando o banheiro e temendo o chuveiro como um gato selvagem, sabendo que ali dentro daquele box choveria toda dúzia de pensamentos que os banhos resgatam. quando a água escorresse, talvez permitiria uma ou outra lágrima cair disfarçada e então seria o fim; começaria a viver aquela partida que até então ignorava estaticamente, adormecido e seguro na sua negação. 

triste fim

mais um quase em meio a tanta certeza inútil; de que adianta saber que nada vale a pena? não, abrir um olho, depois o outro, por pura mecânica pois se fosse escolha, passava o dia me escondendo do mundo num sonho eterno; não se pode atacar quem dorme, simples assim. então estou triste, mas vai passar do mesmo jeito que você passou, como uma nuvem carregada e necessária; deus sabe o que faz. algo há de brotar.

trem fantasma

desenharam um círculo no chão e ataram meus pés aos trilhos.

beleza

I'm ok if beauty won't take me; I'll take all of its forms.

beleza

I'm ok if beauty won't take me; I'll take all of its forms.

23.6.14

é importante alimentar um animal morto, pois um dia ele volta com fome.

nãobodies

ele não sabia dizer não, era casal de outro que também não sabia dizer não, e apesar de muito amor, amor mesmo, conheciam-se há anos e a haviam passado por muitas juntos, antes mesmo de estarem juntos nesse sentido. mas quando foi necessária uma declaração oficial de que morariam juntos, após anos afunilando e aperfeiçoando e esculpindo a palavra, não foi o sim que se fez mais presente, mas o fato de que ambos não sabiam dizer não. 
então mudaram-se. 
ele tinha 26 anos de vida muito mais sofrida do que poderia ter sido, e não me refiro a sofrimentos lastimáveis, apenas sofrimentos banais de um cotidiano inseguro e cercado de situações que aguardavam apenas um sim ou não, no caso dele, um sim pesado, que muitas vezes o diminuía e o negava completamente, justo aquela palavra positiva.


mais uma ideia do chuveiro que ficou melhor na minha cabeça

não há como explicar a partida, de tão súbita que chega, ou que vai. mas há o medo que cerca o momento, como uma inútil fumaça que paira sobre a chama do inacontecido. 

não tenho medo da solidão dos outros, temo apenas a minha, de acordar de manhã e não estar lá. olhar-me nos inúmeros reflexos que se apresentam no dia, nos reflexos das espelharias, das vidraças das casas, sem intenção de ver o que exibe, apenas para perceber que lá não está mais: um susto. então, neste exato momento, sinto-me inabitável e, logo, sou tomada por uma legião de sensações que cercavam esse momento, aguardando o ultimo bater dos olhos que antecederia o primeiro olhar vazio. perco-me tão distante que sinto meus braços mais longos, delírio que meu corpo se estendeu, de que alongaram minha pernas, aumentado o tempo necessário entre estica-las e tocar o chão, ou quando os dedos lá na frente dos olhos, meu olhar poderia estar cruzando dois continentes entre eles, até minha mão lá no final, meus dedos tão além, atiçados de palavras. escrevem um cartão postal me lembrando das obrigações de amanha, mas o tempo que demorará para chegar até minhas verdadeiras mais, eu não sei, pode ser meses ou anos. enquanto o estômago se definha, a luz dos vasos se estreita e o calibre da traqueia diminui, diminui, diminui, chegando o ponto onde o ar passa rasgando, possesso de raiva, e eu cheia de farpas. ai, as farpas do carinho, eu me lembro bem: foi numa dessas que me perdi e não soube voltar. 

não podemos ser, pois

a sensação de plenitude que você me traz é de certa forma incompatível com a vida, de um modo que ao teu lado nada mais desejo, nada mais me falta, me encolho num útero imaginário e definho por falta de fome.
desenharam um círculo no chão e ataram meus pés aos trilhos.

22.6.14

si no fueramos tu y yo

as vezes é difícil aceitar que te digam algo tão bonito.

como

me pergunto como existia antes de você, mas não me lembro. não lembro da vida sem tua presença como parâmetro para tudo, como se antes de ti não houvesse nada. 

20.6.14

neguinha

minha neguinha se espalhou por mim, sentou no meu peito, segurou minha mao, e eu comecei a escrever as ideias dela no meu dedo, comecei a ter medo dos cheiros

17.6.14

chamamos família

saímos de lá e ela estava arrasada. colocou a blusa cobrindo o rosto, afivelou o cinto e pois-se a chorar. "como pode po, tanta ganância? ta certo, dinheiro é bom msm e eu quero, mas pra que tanto? não chega uma hora que basta não?" 

ela tava arrasada com a realidade, que chegou num tiro de borracha na cara dela, "como pode po?" cresceu ouvindo que os bons são reconhecidos, que os maus vão pra cadeia, mas ali naquele meio de gente de verdade, não cabia essa delação. aqui todo mundo era bom e ruim, eram completos. 

maria coloque uma sandália pra andar em casa e lave seu pé quando for pra cama, maria fecha a janela que os vizinhos estão lhe vendo, maria vá trocar essa roupa horrorosa, tire isto da minha frente, e por aí vai... essa ditadura eu abraçava tanto e chamava de família!

você nunca duvidava de mim.

não sei quando foi exatamente que comecei a perceber esses momentos cínicos diante da bondade, como se um riso sarcástico automaticamente soasse na minha cabeça sempre que alguém era ingênuo ou bom comigo. parecia olha-lo de um andar superior dizendo "esse ta verde, vai levar da vida ainda...". tem uma certa virgindade da mente que, uma vez perdida, duvida-se de tudo.

na lata

acendi o terceiro cigarro da noite logo após o fim do episódio. fui até o balde de lixo e catei a lata de novo, fiz os furos com abridor de lata e coloquei o prens. em seguida dei um trago do cigarro, exalei e finalmente traguei o prensado. tem algo de tão prazeroso em esperar ansiosamente o que se pode ter primeiro.

meu peito

embrulharam meu peito em papel celofane vermelho, podia ouvir o barulho dos meus ossos quando torciam o papel, e eu perguntava "o que foi que eu fiz?" e "qual seu nome?" e tudo que ele me dizia era "você sabe, se não sabe, ta apanhando por isso"

saudade

o que eu sinto? bem, no momento não sinto muita coisa, pra ser bem sincera. na verdade, sinto um certo pensamento. como a vontade de ter alguém para contar aqueles assuntos que não são tão partilháveis a uma pessoa estranha. estranha como alguém que não viveu o momento, apenas isso. como quando a mãe de uma amiga de infância teve câncer, e eu não podia contar pra ninguém, e a amizade não sobreviveu até os dias de hoje, embora a tristeza tenha se feito presente mesmo assim. sinto de falta de você, onde tudo se encerrava no momento em que te contava, mesmo na tendo vivido, você entendia e, por saber que entendias, os sentimentos morriam em mim, e eu podia viver.

14.6.14

nossa

a mosca morta não é mosca
nem morta

então num olhar você entende,
e eu me deixo boiar na tua sopa
de aspargos.

13.6.14

e o que sabes tu de ti?

o que você sabe de mim? além do fato de minhas costelas serem estranhamente tortas assim. não sabe nada, menina. 
meu coração chagasico cresceu de tanto insistir em amar a cada uma como se fosse a primeira, fazendo mais espaço ao redor das antigas histórias, crescendo ao lado de uma ferida aberta, de algumas já fibrosadas, sem distinção e, acima de tudo, sem tempo pra pensar em tudo aquilo que fazia. sim, esse é o meu peito, nasceu desprovido de qualquer relação neurohormonal direta com meu cérebro, é louca essa porra!

essa eu salvei.


11.6.14

amargolis

você tem o poder dos meus pais
de me colocar num canto de mim mesma
reduzida a quase nada de mim
olhando tudo por dentro e achando tão feio tudo que vejo
quase como se não soubesse que aquilo
era eu.

9.6.14

carol

te vejo de olhos fechados
então eu sei
pelo cheiro que chega
instantes antes da tua presença:
é mulher.

então me beijas
e num segundo, te tenho em meus lábios
como se fossem braços
a abraçar o meu sorriso
e quando bem intima e perdida,
eu sei:
é a minha.

7.6.14

nata

E o Amor que um dia foi meu e teu, agora é dela
E o Amor que Um dia te dei e dou, ainda é teu
E ela, teu novo amor
Apenas chamas
Simplesmente 
De amor

quando for tarde,

um dia abordarei um estranho na rua mostrando uma foto minha ainda jovem, só pra saber o que ele acha daquela pessoa, se era bonita, se era estranha, se era feliz. 

nata, sempre direta

o que doi é ver que ta tudo igual, mas que a única diferença é você.

amor

apelidos carinhosos machucam, quando não são mais seus.
seis vezes contei nos dedos
as sete vezes que chamasse amor
(porque duas foram na mesma frase)
enquanto meus olhos desviavam o pensamento
e o ouvido fingia não saber tua voz,
meu coração te encarava com olhos de sempre.

(o que machuca mesmo é aquela boca que um dia foi tao tua, dizendo palavras de amor a um ouvido que ja não é o meu)

amor

apelidos carinhosos machucam, quando não são mais seus.
seis vezes contei nos dedos
as sete vezes que chamasse amor
(porque duas foram na mesma frase)
enquanto meu coração olhava e os olhos desviavam o pensamento
amor, não sou mais eu.

me chame

ela me chamava de be.

e tu chamava ela de que? de cê?

hahahahahahah 

hahahahahahahaha piada

eu chamava ela de a.

de a (te que enfim encontrei você).

as mariAlAs

andrea

mira
mas me erra
qual medo de tua mão
atrás desse gatilho?

teus pés passam
e é tudo que tenho coragem
de olhar


ver você

pés de nuvem
e um peito de
chumbo
por que não me escuta
quando respiro?


say something

im giving up on you.

5.6.14

rapsódia boêmia

me diga qual é o passarinho 
que com seu ninho nas costas
voa
numa boa
?

(não existe na natureza)

ainda assim, o homem insiste que é plausível, de tempos em tempos, escolher um membro de sua família e vesti-lo com as paredes de casa. temos aqui esse jovem rapaz, um dos chamados "escolhidos", para responder algumas perguntas:

eu: se você pudesse definir em uma palavra o que ser escolhido significa pra você, qual seria?
ele: castrado.
eu: quais são alguns problemas do dia a dia?
ele: quando tenho tosse é um problema, parece um pequeno terremoto... ah! e quando choro também, sempre acabo inundando algum cômodo, geralmente a sala. mas enfim, nada demais

(na vida quem perde o telhado, em troca recebe as estrelas).

ele: sim, já pensei em me matar claro, quase todo dia, e o que me impede no final das contas é que eu nunca resolvo qual das duas eu mato; podia morrer tanto de velhice quanto de juventude.

doeres

não era nada em especial que buscava, apenas qualquer válvula de escape, mesmo que fosse aquela ridícula dor auto-infligida, psicosádica, que agora substituíra por algo muito mais físico, levando na pele a responsabilidade de sentir a tão somatizada dor. se houvesse sangrado, deus sabe a cor que sairia daquele sangue, todo sujo de mentira e loucura; mas não sangrou, não dessa vez, dessa vez foi uma tatuagem leve, foi um
dois
beijinhos do primeiro encontro. ai como queria vencer essa noite em claro, só para me poupar o drama diário de acordar com um susto diante da minha existência, logo na primeira fresta de luz, fora de foco,  p e i !  a realidade chove na sua cara e você ainda nem terminou de abrir os olhos. 

acontece

Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.


30.5.14

se

se não for amor
eu cegue

e se for
eu sigo
cega mesmo.

25.5.14

escrever

se não escrevo, meus dedos incham de palavras presas; o lápis tenso nem sempre cede às necessidades, mas ainda assim, tento.

21.5.14

livro da saudade

se a saudade pudesse publicar um livro, ele teria papel de água, e onde fosse seco, seria um dia de riso onde tudo evaporou, e onde tivesse mais molhado, ai teria sido um dia triste, ou um dia corrido também, no caso teria que beber da água para saber, sendo o suor um pouco mais salgado. mas ai podia ter sido um dia de praia também. então nos dias de praia, colocaria um pouco de areia, so um pouquinho, pra não estragar. 

flores

como que ao acaso, surgiram novas flores bem ali naquele pedaço de quintal que eu nunca ia, talvez pela falta de sombra, talvez pela distância das outras ilhas verdes ao redor; talvez sempre estivessem ali, mas a falta de olhar nunca lhes deu existência. aproximei-me quieta, como se um barulho qualquer fosse assusta-las, fechando suas pétalas e fazendo-as partir. mas não, eram flores, não iam a lugar nenhum a não ser à morte, um dia. deve ser bonito demais viver flor e morrer flor. encolhi os joelhos e agachei-me ainda mais perto, dessa vez prendendo a respiração. mas por que tinha tanto medo de assusta-las? nunca me fizeram falta até então; foi a partir do momento que me dei conta de sua existência que surgiu em mim aquele medo de perdê-las. imagine, perder algo que não passava de uma flor num canto inabitado de um jardim com tantas outras, algumas mais bonitas até, algumas mais simples de cuidar. eram minhas porque agora eu era delas. eram minhas porque meu olhar lhes deu a existência, porque antes morreriam inapercebidas. não.
existiam apesar de mim, viveram ali deus sabe quanto tempo, e eu na casa ao lado, me julgando independente, elas crescendo com chuva e sol, e eu na casa ao lado, logo ali pertinho, me julgando tudo saber, sem saber delas ao menos. então foi isso; eram vivas, não importa o que me acontecesse, seriam vivas e mortas, independente de mim. mas eu, agora dependente delas, não poderia mais viver um so dia sem vê-las; dedicaria tempo e água e carinho, como se houvesse sido descoberta pela primeira vez por olhos que nem sequer viam. meu apego cresceu como se houvesse sido gerada de flor também, como se agora em mim existisse uma água morna molhando uma vida oculta. antes delas, eu apenas existia, com a latencia de uma semente de girassol; agora broto por todos os poros.

hoje

pois hoje descobri uma força que me tirou dos pés; não era uma queda, mas apenas um levitar da alma um pouco acima do corpo, o suficiente para perder o chão de pele recoberto de calos; fiz uma festa bem em meio aos meus joelhos, paradinha da silva, com um enorme sorriso ao avesso.

aos meus

quantas vezes não dançamos juntos em meio a uma vida pausada no tempo, so por aquele momento? pois quando me vejo ao teu lado, cada um de vocês, uma invasão de vida me preenche; mas não é imposição, não passa de brincadeira, de leveza, de movimentos do bem. para frente, vamos juntos, por favor boa separemos tão longe faltar o toque, nada mais que isso.

agradeça

eram apenas um par de olhos mirando o passado, procurando pistas antes nunca vistas, folheando os rostos como velhos livros intermináveis. sim, despontaram as mudanças em meio a tanta coisa conhecida, como um novo sinal na palma da mão. meus amigos, meus antigos e novos amigos sentados ao redor de um centro que só eu vejo, como se o retrato fosse uma radiografia das almas de todos eles, e nenhum cabia na moldura; o brilho nos olhos emanava para fora do papel, absorvido na palma de minhas mãos e diretamente ao coração, era assim que via a foto, com os olhos do peito, com a cegueira da saudade, com a fome de um momento que passou e nunca mais voltará. queria rasgá-la em mil pedaços e mastigar todo dia uma parte diferente, até que lá dentro de mim tudo se reencontrasse pintando um novo quadro, talvez um quadro do futuro, talvez apenas uma lembrança mastigada pelas entranhas da vida; mas seria meu, e isso bastava para sempre.

meus amigos, meus caros, queridos, infinitos amigos; sejam meus o máximo que puderem, do contrario jamais poderei ser eu.

20.5.14

hoje

"por favor, não me abandona, por favor!"

mas não há mais ninguém aqui para ouvir.

é simples,

não queremos esquecer; queremos apenas não viver lembrando.

o livro

chega em casa antes mesmo
do sinal abrir
reza dentro e fora das grades
pros males que só tu
veês 

pergunte para as baleias o que elas acham do casamento gay
e elas rirão de você 

tens que vestir a meia esquerda ao avesso
e esperar mais sorte de levantar com o pé direito, 
tens o direito de esquecer
para não viver lembrando,
mas me diga então,
como?

eu

sou constantemente povoada por sentimentos de flor; nos dias de ferro, os olhos inundam.

decadance

mas hoje, tão diferente de ontem
havia algo diferente 
não era tempo
era uma decadência precoce
triste 

estado

meu estado não é sóbrio
nem solteiro
meu estado é Pernambuco
meu pais é Brasil 
nem tudo se deve a mim.

now the neighbors can dance

a vizinha puta chamando a polícia por causa do som.
mas o som ta até bom.

oi?

arrumando terreno pro inimigo
arando bem a terra
pras sementes do mal

veja bem de perto
mire nos olhos
por trás da retina 
alguém pensa em você 
viu?

19.5.14

meu espaço

tenho cicatrizes maiores que os lugares o de estão, por exemplo; tenho uma no peito que é maior que o coração, como uma aura que se estende pra fora de mim. sinto quando me abraçam como se o espaço vazio entre meu peito e o da outra pessoa fosse um sentimento que vesti ao avesso, e que isso me mantém afastada nesse exato ponto, que molda os apertos de uma forma minha, permanecendo ali mesmo após o desenlaçar dos braços. você entende isso?

troféus de carne

meu pai so me elogia na frente de estranhos, como se nas quatro paredes de casa eu não passasse de um troféu na prateleira mais alta. 

eu não sei

ando mais perdida que nunca, não há ninguém no mundo que me veja agora, com exceção de algumas espiadas de nata e dr.pedro uma vez por semana, mas ainda assim, é deprimente vestir esse corpo todo dia. 
já existe um plano de vida, as expectativas sempre foram maiores que eu, e em parte acho isso bom, me tira da mediocridade que é caber em mim, mas. 
só queria me ajoelhar num canto dos meus joelhos e dizer: eu não sei. 

16.5.14

Débora

meu deus, te amei com tanto mais que o coração, destilei tanto mais que amor que no fim das contas não sei dizer ao certo quanto te dei, nem onde, nem com o que; apenas uma abelhinha voando quase morta após sua primeira picada.

14.5.14

but we need hints
before we get tired.

9.5.14

carol

se não for amor, eu cegue
pois amor é cego
surdo
mudo

4.5.14

carol

o carinho superficial
a casca vazia também sente
sabia?
alisa a pele
que recobre os ossos
as vísceras
e o coração
mas não aperte demais;
pode ser que toque.

3.5.14

kurt

Kurt Vonnegut says in Sirens of Titan: "A purpose of human life, no matter who is controlling it, is to love whoever is around to be loved."

2.5.14

em Viena

dividindo o mesmo edredom num frio, enquanto eu ouvia música e você
que música é essa?
small hands de keaton henson
é linda
eu sei

e assim ficou a lembrança 

cjma

clube do juro me amar 

1.5.14

poema de quatro

vem ca
rolina
que eu te julia
eu te juro
que vou te amar
golis.

29.4.14

sonrisas

vejo aos outros numa espécie de demonstração de si mesmos, e me parecem sempre tão contentes em caber em si, naquele espaço delimitado por pele. vejo a mim, como uma babá com mais do que pode lidar, cheia de rompantes e birras que surgem sem tempo de serem esculpidos em algo mais delicado, por vezes aceitável. desejo muitas vezes esses sorrisos contidos que cabem bem nos porta retratos, mas não sei; talvez minhas bochechas doessem.

vazio no peito

foi no dia dezesseis do quinto mês que ela percebeu o botão da blusa faltando. não era nada demais, um botão a menos numa roupa, mas ainda assim inquietou-se. sabia do passarinho no peito e logo tratou de costurar um novo no lugar, fechando com linha vermelha aquela fresta de liberdade. passou a mão nos braços, deslizando pelo torso, até a cabeça; so para ter certeza que ainda estava tudo ali, estático. vestiu a blusa ao avesso, de forma que a costura mal feita ficou virada para dentro, encarando o centro do seu tórax, quase como um desafio misterioso ao que dentro estava. permaneceu estática diante do espelho cercado de fotos que um dia grudara ali, na esperança de ver algo mais nos reflexos diários. levantando os braços sob a testa, fixou os olhos naquele fio vermelho e aguardou, até que viu o emaranhado crescer, crescer, enrolar-se em si mesmo, tramando um ninho. sentiu a linha liquefazer-se, sentiu um molhado quente e uma dor fina, quase bonita; então na batida seguinte, a bicada. e outra. e outra. seguida de outras tantas, até enxergar no cerne daquele caos, um bico dourado, despontando para fora de si, com toda coragem pra nascer. a princípio, caiu no chão estatelado. não piou, não cantou, não esboçou a menor intenção de voo. era um inútil pássaro que não voava. passou a mão decepcionada no meio do buraco que agora se instalara em seu corpo, e pela primeira vez sorriu; podia enxergar o vazio que sentira ali durante todo aquele tempo. apanhou do chão aquela ave frustrada, guardando-a no bolso junto com as chaves de casa e o celular. trocou de roupa e saiu pela porta de trás com um sorriso entalado nos dentes: agora era so questão de tempo novamente.

28.4.14

fdc

deus ajuda quem bebo madruga

27.4.14

e eu

gostava tanto de você.

25.4.14

náusea

o casal que deu as mãos
e deu-se um nó
que não desgruda
se amando
siameses

24.4.14

lista

das pessoas que mais me ensinaram na vida, com palavras ou apenas em vida:

nata
você 

19.4.14

André

na segunda noite o silêncio era
quase impossível
a respiração bucal
o sol quase suprimido
a filosofia suada
pratica a saudade
pratica o amor
sem dó no peito
ele vai.

azul quente

e eu te olhava
cansada
entre um suspiro e outro
gemendo
derrotada
molhada de azul
você me beijava
um cheia
ressaca
o mar avança
um mendigo
pedindo um abraço
a colcha
a cena num monte de gente 
o nó
so mais um passo
não chore
todo mundo choraria
se fosse você.

transa

o olhar distante
e o corpo poluído 
foi ótimo
gozei três vezes


e eu nem quis

17.4.14

castro alves

a vida de esfarela
se esgarça
num segundo de três minutos
se afunila
como tudo que sai de uma mulher
afunilado na pelve
do destino
não é fácil, eu sei
mas também não é
difícil.

castro alves

a vida de esfarela
se esgarça
num segundo de três minutos
se afunila
como tudo que sai de uma mulher
afunilado na pelve
do destino
não é fácil, eu sei
mas também não é
difícil.

sobre o não dito

o que eu queria era te dizer o que tava na cabeça e desceu pros braços
que eu te amo tanto, tanto! acredito em almas gêmeas, mas espero que você não tenha sido a minha, pois não vamos ficar juntas. me faz feliz te ver bem, mas também doi. você foi o mais intenso que já senti, pra todos os sentimentos que senti contigo. queria ouvir que você também sente minha falta, queria poder conversar contigo sobre as coisas que so consigo falar contigo. ficaram em mim presas, se recusam a sair para outros ouvidos, mas to aprendendo a me abrir de novo. espero que você esteja amando um amor que te faça melhor, que te deixe livre e te faça crescer ainda mais como ser humano e mulher. espero que você tenha experiências incríveis ao lado dessa pessoas tão especial que deve ser maria luiza, pois so alguém especial pode sentar no teu banco de passageiro. se você sentir falta minha as vezes, tudo bem, mas não volte atras, siga em frente que lá na frente talvez a gente se encontre pra tomar um café, fumar um cigarro e conversar da vida como velhas conhecidas. nossos planos foram muitos, mas não passaram de planos. realize-se, trabalhe com e por amor, viaje bastante, tire fotos, tente dormir sempre de coração quente. pretendo sair daqui, mas não quero deixar nada para trás, quero recomeçar de onde parei mesmo, em outro lugar, com outra pessoa que ainda não me sinto a vontade pra procurar. estou terminando minha faculdade, tem uma fase completamente nova da minha vida para começar e por enquanto isso basta, seguir nesse caminho, isso basta. o pouco tem bastado e a vida tem me surpreendido em vários outros aspectos. te amo muito, nunca lutei contra isso e ultimamente nem tenho precisado, tem sido paz esse amor, tem sido diferente. era isso que queria dizer todas as vezes que te encontro, mas um abraço basta. siga doce, meu eterno amor.

16.4.14

undertow

i slipped under the undercurrent

andrea

não tenho medo de pedir as coisas, mesmo que seja você, cujo os nãos tem o peso de uma negativa infinita.
pedi dinheiro, ganhei.
pedi um abraço, ganhei.
pedi pra você ser feliz, ganhamos.
sempre vou te amar de múltiplas maneiras, talvez algumas já morreram, mas sempre haverá amor enquanto houver você. 

afraid

i am constantly afraid of things i know nothing about
afraid of things that know everything about me
things im not even sure exist
or ever will
most of all, things that live up in my head or down down down at the well of the heart

13.4.14

mind at large

"Reflecting on my experience, I find myself agreeing with the eminent Cambridge philosopher, Dr. C. D. Broad, "that we should do well to consider much more seriously than we have hitherto been inclined to do the type of theory which Bergson put forward in connection with memory and sense perception. The suggestion is that the function of the brain and nervous system and sense organs is in the main eliminative and not productive. Each person is at each moment capable of remembering all that has ever happened to him and of perceiving everything that is happening everywhere in the universe. The function of the brain and nervous system is to protect us from being overwhelmed and confused by this mass of largely useless and irrelevant knowledge, by shutting out most of what we should otherwise perceive or remember at any moment, and leaving only that very small and special selection which is likely to be practically useful." According to such a theory, each one of us is potentially Mind at Large. But in so far as we are animals, our business is at all costs to survive. To make biological survival possible, Mind at Large has to be funneled through the reducing valve of the brain and nervous system. What comes out at the other end is a measly trickle of the kind of consciousness which will help us to stay alive on the surface of this Particular planet. To formulate and express the contents of this reduced awareness, man has invented and endlessly elaborated those symbol-systems and implicit philosophies which we call languages. Every individual is at once the beneficiary and the victim of the linguistic tradition into which he has been born—the beneficiary inasmuch as language gives access to the accumulated records of other people's experience, the victim in so far as it confirms him in the belief that reduced awareness is the only awareness and as it bedevils his sense of reality, so that he is all too apt to take his concepts for data, his words for actual things. That which, in the language of religion, is called "this world" is the universe of reduced awareness, expressed, and, as it were, petrified by language. The various "other worlds," with which human beings erratically make contact are so many elements in the totality of the awareness belonging to Mind at Large. Most people, most of the time, know only what comes through the reducing valve and is consecrated as genuinely real by the local language. Certain persons, however, seem to be born with a kind of by-pass that circumvents the reducing valve. In others temporary by-passes may be acquired either spontaneously, or as the result of deliberate "spiritual exercises," or through hypnosis, or by means of drugs. Through these permanent or temporary by-passes there flows, not indeed the perception "of everything that is happening everywhere in the universe" (for the by-pass does not abolish the reducing valve, which still excludes the total content of Mind at Large), but something more than, and above all something different from, the carefully selected utilitarian material which our narrowed, individual minds regard as a complete, or at least sufficient, picture of reality. "

12.4.14

hoje

você na areia
e eu me afogando do lado
teu mãe cobre meus pés 

11.4.14

hoje

minha vida 
comprimida
entre o nascer e o por
do sol

comprimido

hoje

uma tarde inteira
daquelas bem diluídas no tempo
chorando com os olhos fixos
num ponto morto 
nada vi

sobre sapos e peixes

boa tarde meus amigos,


aconteceu algo hoje que mexeu bastante comigo e gostaria de compartilhar com vocês. posso não ser a pessoa mais interessada do mundo pela medicina dos livros, mas a medicina humana, o contato, o apego e o respeito com meus pacientes é algo que sempre prezo. acho que a enorme maioria aqui também...


me senti desrespeitada hoje ao entrar na enfermaria de cirurgia e encontrar minha paciente em outro leito, sob outros cuidados. minha paciente que retornou ontem, pela terceira vez, para conseguir sua tão desejada cirurgia. ela que todas as três vezes aceitou quando alguém olhou-a e disse "me desculpe, hoje não vai dar, não temos material". mas ela voltava contente e cheia de esperança, ainda que "faltasse campo"... 


eis então que me dirijo ao residente que me informa que o leito 08 estava reservado hoje para um "peixe do chefe". não, calma; não era apenas o leito 08, mas o leito 09 também, pois era necessária uma enfermaria inteira, após extensa "desintoxicação" do local, para acolher aquele singelo paciente, tão diferente dos outros. lembro de ter estudado doenças e suas diversas gravidades, mas não lembro de ter lido em lugar algum sobre pacientes diferentes de pacientes. ainda assim, vesti a bata e fui lá ver... 


confesso que tudo que senti ao atender o "peixe" foi nojo, e embora a culpa não fosse dele, simplesmente  não consegui engolir a situação (ainda que goste de peixe hahaha), não houve o famoso rapport que aprendemos na faculdade, não me senti confortável ao dar bom dia. lembrava constantemente das inúmeras altas que havia dado naquela semana, das cirurgias abortadas, da cara doente dos doentes me perguntando "mas Dra, não tem um jeitinho? quanto custa esse tal de campo?". fica difícil olhar na cara do paciente da enfermaria ao lado sem se sentir constrangida. fica difícil engolir um delicioso peixe desse após tantos sapos.


fim de papo: nosso peixe recebeu atendimento "patrão" ouro; teve constantemente a presença de todas as gerações de sua família, dentre os quais estavam pai, mãe, madrinha, avó, avô (aos quais fui formalmente apresentada, pois eram em sua grande maioria médicos); teve seus exames solicitados e realizados prontamente, incluindo uma besteirinha de uma AngioTC e um USG do melhor especialista do serviço (preciso mencionar esse nome?); foi "visitado" por médicos de diversas especialidades em sua enfermaria de luxo; e, pasmem, recebeu um kit completo com roupa de bloco e campo! era o milagre dos peixes!! por outro lado eu, ao entrar lá pra dar um feedback pra turma do aquário, saía com cinco informações diferentes sobre o paciente que supostamente estava acompanhando.  


não pretendo fazer nada a respeito, eu não posso fazer nada a respeito. queria so expressar minha indignação, minha tristeza e minha decepção, ainda que ingênua, com meu dia de hoje. espero que saibamos ser generosos no futuro, mas também justos. agora vou voltar ao meu trabalho com essa espinha entalada na garganta.


9.4.14

paraísos artificias

sólido e depois
ar
acompanhado de líquido

enrola
traga
bebe,

um paraíso.

mirella

te vi passar
mordi teu gosto
só de relance

bateram os dentes
clac!

foi quase.

mirella

te vi passar
mordi teu gosto
só de relance

bateram os dentes
clac!

foi quase.

6.4.14

(pausas)

tem uma lacuna entre uma batida e outra 
o silêncio do corpo
a cerimônia 
quando o coração recebe o sangue
poderia ser sempre assim, quieto

(pausas)

tem uma lacuna entre uma batida e outra 
o silêncio do corpo
a cerimônia 
quando o coração recebe o sangue
poderia ser sempre assim, quieto

enter the void

um grande vácuo
preenchido por sons que já passaram 
restando apenas os restos
do que foi dito um dia
intermináveis palavras
vazias de sentido
sendo só som
roendo os ouvidos 
triste ilusão necessária 

5.4.14

animal

my little animal pieces
ripped apart
by human thoughts
oh cant i be enough?
too much brain on this body

3.4.14

mariola

eu não preciso de você; o mundo é duro e o destino não espera,
não é você quem vai me dar na primavera as flores lindas que sonhei no meu verão 

temq

não se encaixa em mim a idéia, ou melhor, a realidade da partida.

foi mesmo

e ontem, deitada na cama esperando o sono, me veio a idéia: você foi mesmo.

sim, tudo aconteceu. tudo mesmo, até o fim. e não adianta mais criar pensamentos em volta de algo que não está mais aqui: a falta fala mais alto: você foi embora. 
acho que me enganei esse tempo inteiro tentando ler as coisas do jeito que eu queria, como se fossem pra mim; mas não são. 
você está com outra pessoa, do mesmo jeito de sempre, mas é diferente; você se deu, dessa vez; foi você mesmo.
você me esqueceu, colocou uma pedra em cima da história, como se fosse um papel em cima da mesa aguardando debaixo de um peso. 
não entendo como sempre erro tanto, como pude me iludir por tanto tempo; você foi mesmo, mesmo. 
vocês são lindas, de verdade. lembro da gente de olhando no espelho juntas, como um casal; imagino que agora o reflexo faça muito mais sentido.
caiu a ficha ontem, bem simples, eu chapada na cama e pronto, assim mesmo: você foi.

1.4.14

oi

amor, eu to doente, não sei quanto tempo ainda me resta, mas também nunca soube, por que isso agora?, você me amaria mais se eu fosse viver menos?, eu vou morrer meu amor, a coisa é tão séria que ninguém sabe quando, mas minha vida vai parar uma hora, eles disseram, ouvi com todas os pelos, eu vou morrer, queria você bem perto, nunca imaginei que isso acontecia com as coisas lindas, todas finitas.

difícil, porém bonito

tenho sentido dores em locais que não existem, tenho sonhado com pessoas que nunca vi, tenho empacado em problemas imaginários, mas a mais recente de todas foi esse buraco que descobri bem atras da nuca, que escorrega pelas costas e cai bem no frio da barriga.

difícil

amor eu sinto a sua falta, e a esperança nem assim morre.
preciso voltar aos remédios, não ta dando mais, não ta dando pra levar a vida com os pensamentos ruminantes, com o frio constante que desce da cabeça, e esse medo, o pior de tudo, o sem hora, o atrasado, o sempre e assustador medo.
os buracos que há tempos não apareciam, as quedas abruptas, um susto no meio do café da manha, um aperto no meio da frase, meu deus isso não é vida, é sobrevivência. 
além da tontura, tem também as fisgadas no corpo, a mandíbula travada, uma dor, um choro preso bem debaixo da língua e um rio entalado na garganta, um rio que flui sem nunca achar um mar, sempre nunca, sempre! 
acordo de noite procurando você, procuro você no instagram, volto pra dormir e não consigo mais sonhar, tudo se repete à noite e acordo pra um dia cheio de mais você, so que eu não quero, eu nem te quero mais, e tudo isso continua assim, sabe? 
não sei porque parei, não sei que estupidez corajosa foi essa, mas nunca é tarde, ainda da pra voltar, da pra colocar tudo de volta na caixa do peito e sorrir novamente pra esperança, pras portas abertas.
me desculpe, puxarei o tapete novamente, até logo.

31.3.14

30.3.14

weed + pills

venha
entre os fios dos mal amados
entre os pelos ouriçados 
é uma dança de fluidos
com rosas brotando dos orifícios
parindo gerberas 
na cama crua

fuck it

when the earthworms come, tell them I'm still eating. this is still my life.

Omg obsessed

olivia bee's words for me 💘💘💘

dia do unicórnio

então numa tarde desesperançada de um domingo preguiçoso, acontece o avesso do obvio: um pônei branco de crinas e rabo cor de rosa aparece na estrada como um coelho da cartola: mágica. 

e um sorvete azul com rosa, e um elogio de alguém que se admira, e um cigarro abençoado.