20.2.15

please don't bite, love

it was 3AM and you're walking down the hall thinking nobody could ever love you simply because you didn't exist 
when the news came in
that she was single again
nobody could ever love you but she did, she created you just so that she could do what she did and then break you into a million little questions
as soon as you heard the sound that made up her name
you could tell she was back, walking around with a piece of hot coal in her chest, breathing fire through her teeth
and you took whatever was left of yourself and ran to the river.

the kids went hunting in zoos

so they gave us a gun and then they sent us to zoo, but I still got shot out there
like I was one of the caged animals
I could not understand the burning underneath the shirt
it made no sense to get hit when I was loaded
but not a single word came out, and then
blood on the leaves
blood on the iron bars
and your face shone through the one man massacre like a single rubi hanging between two beautiful breasts
and then your face again smiling back at me with blood on your teeth, the birds could fly but they chose to walk behind you as you stared scared from behind my cage, with my gun in your hand as I held your bullet in my chest and it made my heart tickle.

the kids went hunting in zoos

so they gave us a gun and then they sent us to zoo, but I still got shot out there
like I was one of the caged animals
I could not understand the burning underneath the shirt
it made no sense to get hit when I was loaded
but not a single word came out, and then
blood on the leaves
blood on the iron bars
and your face shone through the one man massacre like a single rubi hanging between two beautiful breasts
and then your face again smiling back at me with blood on your teeth, the birds could fly but they chose to walk behind you as you stared scared from behind my cage, with my gun in your hand as I held your bullet in my chest and it made my heart tickle.

apenas mais um

imagine um pequeno quarto no final de um longo corredor de espelhos, um choro fraco de uma manta azul bebê no lado esquerdo do chão, na posição exata do quarto onde ficaria um coração, caso ali fosse de fato um peito. você me disse que eu sinto demais, que eu sinto demais para esse mundo. imagine um mundo os todas as pessoas sentem demais, onde as ruas são inundadas de lágrimas e as pessoas se locomovem em boias redondas, em barcos a vela, onde todos esperam à deriva do próprio desconsolo que você imaginou para mim. a tristeza não me aflige como as canções da rádio, causando oewuenas comoções desapercebidas no trânsito, meu bem, não, se meu peito tocasse ao vivo, seria uma grande tragédia de corpos queimando vivos nas ruas, enquanto os outros aguardam o verão em suas boias salva-vidas.

days like today

Alguns dias virão onde a compreensão da mente será pequena diante das dúvidas, diante das certezas infortunas ou das ilusões do tempo
Alguns dias trarão consigo um peso tão inesperado que o sol cairá mais cedo enquanto você se ajoelha diante de um deus que tenta inventar, na esperança de que a esperança exista de fato em algum outro lugar. 
Alguns dias somarão-se a outros tão terríveis quanto, numa sequência de noite que parecerá infinita.
Alguns dias não bastará saber; será preciso acreditar, mesmo que tudo de palpável esteja perecendo.
Tenho certeza que dias assim já vieram, e dias assim ainda virão, e quando por acaso esse dia for hoje, que eu me lembre de que esses dias são apenas dias de sobrevivência, que quando jogados na soma final da vida, sejam diluídos nos tantos outros em que de fato vivi.

18.2.15

carnaval

é uma multidão de gente, de beijos sem expectativas, e você se vê a distância, lentamente sendo engolido por aquela massa humana; você pensa em todos os lugares em que você poderia estar sozinho agora, confortável numa poltrona em frente à janela com um livro entre os dedos, quieta na penumbra de um quarto ouvindo tudo sottovoce, qualquer outro lugar vazio, se apenas você soubesse ser sozinho, se não fosse tão agonizante a falta de alguém, poderia evitar essa solidão em massa e os desgastes do dia seguinte. 

sobre o sobrinho do homem

você está deitada na cama de um menino que não tem nada demais, ele é um homem na verdade, tem idade para ser homem, tem barba feita e completa, mas ele é um menino pelo jeito que sorri sem seriedade, pela ausência de responsabilidade, pelos gestos impulsivos da mão ao te envolver numa história, e pelo jeito que brinca, especialmente com os músculos do teu peito 
e tem um
balde embaixo do ar-condicionado que enche a conta gotas, uma atrás da outra a água pinga em ritmo inconstante, o produto final do frio seco que se instala, agonizante tortura no canto do quarto que conta aos poucos a história do teu peito, do sangue que vaza a conta gotas para um terceiro espaço ali no fundo da garganta, da tradução do frio que agora escorre pelos teus pés gelados, teus pés que não pousam, tudo desde que o menino anunciou sua presença dentro daquele homem.

15.2.15

dizer que a solidão assusta é dar a ela poder de presença, ainda que pela falta dos outros.
dizer que a solidão assusta é dar a ela poder de presença, ainda que pela falta dos outros.