1.2.22

mulheres casadas

 

Espremo minhas têmporas e colo meu rosto ao espelho.

Foi assim, então, que você me viu, naquele instante de vacilo. 

(Tira essa cara de sono, imagina esse rostinho mais bronzeado, eu estava de delineador preto borrado? Você gostou do que viu.)


“Você é médica, fumando essa porcaria? Num sabe que faz mal?” Minha mente só entendia minha carne e minha carne só entendia a pressão dos teus dedos.

De repente, você se calou. Ficou boba. Não soube mais o que dizer, somente olhando nos meus olhos. Eu já não queria dizer nada mesmo, só desejava tua sem jeitice ali, no instante em que percebeu que caberia facilmente um beijo. Aquela brecha, entre seis coronitas e os rostos da multidão, onde você se percebeu desejando outra mulher e se calou. 

“Você é casada, desejando essa menina? Num sabe que não pode?” 

Te peguei, não do jeito que queria, mas do jeito que podia. Vou saborear o momento. Vou imaginar teu gosto enquanto o coração palpita lá embaixo.

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