22.10.16

(never again)

somos tanto das coisas que morreram, num processo de constante reciclagem; você me enterra morta lá no fundo, e aos poucos vou arrumando outra forma de viver, desintegrando-me no interstício de você, deixando ir o que tiver que ir, se algum dia te menti, já foi embora, se te machuquei, foi embora, foi embora porque morreu, e aos poucos o que sobrou de bom, porque sempre sobra meu amor, é só questão de separar bem o lixo, aos poucos vai sendo reabsorvido pela tua pele que já não me estranha tanto, lentamente jogada nas correntes que circulam por ti, passeando, passeando, até que um dia me veja de volta a superfície, talvez numa qualidade que adquiriste, talvez numa simples gota de suor, não importa tanto, seja qualidade ou simples gota, você vai se olhar num reflexo de qualquer coisa e o susto será um sorriso, e um leve toque sobre mim, seja eu o que for, você vai sorrir sabendo que sou eu, e partirei esperando a próxima vez, se é que haverá uma próxima vez, não sei quanto de bom ainda resta em mim para ser usado, mas meu amor, como você fica linda em tons de saudade, como eu te fiz melhor que a mim mesma...

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