20.3.17

tempo

tempo, meu caro - e assim te chamo pois me custas muito, não por afeto - o quanto te devo em dias debaixo desse sol que tanto já viu nascer e perecer, sou apenas mais um grão na tua ampulheta, mais uma alma de muletas que se escora nos teus ponteiros e te estende um tapete pedindo, por favor, passe logo.

um terço de mim é você, pois as outras duas partes já passaram ou estão por vir, e juntos, nos três, somos esse ponto no meio do destino que se cruza cada dia em uma esquina diferente, olhando a mesma sombra que se dobra e alonga conforme os astros nos regem. tempo faminto, viúvo, órfão, mãe de chocadeira.

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