13.7.15

noite

nao te findes, fome
o que seria do povo magro sem ti
de que rangeriam os dentes afiados de tanto roçarem uns nos outros 
quem morde a carne morde também a ausência da carne
como sorriria minha boca sem tua ausência entre os molares
há um gesto contido nos músculos da face
a tensão abraça o estômago e aperta
não te findes, fome
já não cabe mais nada

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