3.4.17

1

a dor não dói -
ela acorda, uiva rouca ao meio dia,
desorienta,
toma um copo d'agua como se fosse remédio
para acalmar o que não é e o que não deixa de ser.


a dor é mais uma falta -
de dor mesmo? -
que invoca a cárie, a artrite, a lembrança,
e essas, essas sabem ferir
a carne já amaciada
pela insistência letal
dos dias convalescentes.


é sempre quase e sempre nunca conveniente,
essa mágoa que não desatina num finalmente
apenas corrói o estômago
já tão revestido de papel de parede, insônia e
tinta azul marinho.

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