28.10.19

faixas de pedestre

nunca estacione na primeira faixa de carros que antecede um sinal vermelho, prefira sempre a segunda ou a terceira, dando preferencia ainda às faixas do meio, onde uma fortaleza de laterias de onibus ou paralamas de carros com adesivos de "deus é fiel" te cerca. evite, a todo custo, ficar na primeira fileira onde se faz contato visual direto com os pedintes ou artistas de rua, sempre tirando de você aquele punhado de moedas desperezadas que na verdade dariam uma boa quantidade de dois ou tres reais. se voce pensar em quantas esqueinas e pedintes se cruza em um caminho, uma viagem de quatro quarteiroes pode valer quase dez reais. mas essa não é a pior das cobranças. quando nao tiver dinheiro, acene, faça um legal com dedos, aplauda qualquer apresentação de um moonwalk de michaels jacksons derretidos pelo sol ou crianças fazendo malabarismos com fogo, as vezes, quando tenho, dou uma baga ou qualquer quasntidade pequena dd maconha que possa ajudar a entorpecer aqueles dias de faixa de pedestre. em hipotese alguma, se deve olhar diretamente nos olhos dos mendigos, eles são fundos demais e suas historias jamais poderiam ser cointadas em um breve abrir r fechar de sinais, espelhos vazios de todas as portas que os fecharam até as condicçoes de marginalizados.

há também os pequenos acontecimentos banais que se celebram em faixas de pedestres. uma mulher negra e jovem, seus cabelos altos em um coque de emaranhados, vestindo um oculos que, mais a baixo na cena, se converte em um acessório contra sua deficiencia; a mulher carrega a sua frente uma bengala para cegos, tateando como quem chacoalha uma cobra pelo rabo, para que essa assuste qualquer possivel desastre adiante dos seus proximos passos (o que nao falta na cidades sao bueiros e buracos a ceu aberto). ela vem de braços enlaçados com uma jovem albina, branca translucida, quase trasparente, como se tivesse faltado náo apenas tinta em todas as lojas do céu, mas também fibra nos armazens, sobrando apenas um giz ou cal que, pelo visto, foi o que serviu à ela. uma dupla improvavel, sera que cega sabia que sua acompnhante nao possuia qualquer cor? sera que a albina invejava a toda melanina da negra cega? mais uma vez, o sinal se abre e eu sigo pelas ruas indefinidas, as marcas brancas que delimitam cada faixa não foram pintadas. talvez se a albina esfregasse seus pés, pintaria de branco?

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