12.3.20

diário de sobriedade

querida sobriedade, 

costumava dizer que meus demônios me atormentavam, como pensamentos obsessivos ou impulsos destrutivos de surgiam como furacões caribenhos, repentinos e devastadores. porém descobri que demônios são entidades ligadas à igreja cristã, talvez de onde venha em parte também a culpa que carrego. o que quero dizer não é que a igreja cristã seja responsável pelos meus delírios de raiva, minhas dissociações entorpecidas, não. mas não atribuo mais minhas angustias a “demônios”. somos todos, sem excessão, luz e escuridão. não existe em um único ser racional a capacidade de ser apenas o absoluto binário católico de “bem” e “mal”. meus medos continuam aparecendo em plena luz do dia, mais uma vez o famoso termo dado à hora mais terrível da depressão: “o demônio do meio dia”. o que carrego são experiencias marcantes, fruto de minhas próprias decisões ou de mal-encontros acidentais com outros indivíduos talvez tão desesperados como eu. ninguém, em sua boa capacidade biopsicossocial, machuca porque quer; machucamos pois fomos machucados e assim aprendemos a nos defender, muitas vezes sem nem saber de onde esperar o ataque.

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