9.5.10

desculpa se te chamo de amor

no final dessas contas que fazemos antes de dormir, essas contas que nos adormecem no pensamento, o que é então amar?
porque quando tentamos todas as formas, quando apelamos para o auto-destrutivo e reconstruímos, quando sentimos o coração bater e latejar, quando amadurecemos e respeitamos tudo aquilo que envolve a palavra amar, por que a queda é sempre a mesma?
se meu coração agora me pertence, é responsabilidade minha o que acontecerá com ele daqui em diante, e isso é chão seguro. mas se eu o coloco em outras mãos, se ele acorda batendo em outro peito, se ele já não mais me obedece, como posso dormir nessas condições?
deve ser sutil essa mudança entre a saudade e a entrega, deve ser tão natural quanto a vontade de pertencer a outro corpo. minha cabeça talvez agora não entenda o código morse que o coração envia, e talvez minhas palavras sejam ralas em comparação a tudo aquilo que sinto quando o assunto é amor, em especial o amor que tenho por você, mas é tudo que minha fragilidade me permite no momento. eu queria ser maior só para comportar mais de ti, queria comportar-me mais só para que vejas o quanto me importo contigo. não chamo isso de sacrifício, chamo de amor.

é muito difícil para mim ter-me em ti, sentindo-me completa apenas quando estás tão perto que a distância é menor que a saudade; tão perto que não há espaço entre tua pele e minha alma, entre tua palavra e minha verdade, entre teu coração e o meu.
tão perto que as palavras parecem mil milhas longe de qualquer explicação.

"Tão perto que, quando fechas os olhos, eu adormeço."

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