19.10.15

name your bullets wisely

Por uma ou duas vezes cruzei-me com o amor, sendo "cruzar" uma palavra talvez polida demais para a ocasião: duas ou três vezes lembro de ter acariciado um gatilho de armas antigas enquanto explicava as histórias, quase mitos, de batalha. uma noite, enquanto quase todos dormiam, todos exceto por mim e meu coração curioso, vesti minhas pantufas, peguei minha lanterna e fui até a sala onde, delicadamente, feito fosse levitar das paredes, estavam emparedados todos os armamentos, escolhi a mais leve, uma pequena pistola que ficava logo abaixo do imponente rifle. caminhei até a entrada do bosque e, em um só suspiro, atirei duas vezes para o nada, nascendo no escuro um som sobrenatural, aterrorizante, o som que acordava os velhos restados de seus pesadelos de guerra, como ecos de grito presos ali dentro daquele tambor de seis balas. 
voltei para o quarto, voltei para a cama, no outro dia comentavam sobre o estrondo da noite passada, mas não dei um pio.
hj sei que de alguma forma aqueles dois pedaços de chumbo vagaram por aí, rasgando carne, madeira, osso, tempo, e voltaram exatamente para o meu peito nos dias de Andrea e Luiza

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