9.6.10

ao meu pequeno príncipe


A menininha para quem cuidadosamente reservei esse tempo livre nem se deu o trabalho de me avisar que não viria.


Menininha, foi com carinho que lhe dei esse poder. É com melancolia que a vejo usá-lo.


A espera, os passos leves. Depois as horas que correm frescas como um riacho em meio à relva sobre seixos brancos. Os sorrisos, as palavras sem importância que são tão importantes. Escutamos a música do coração: é linda, linda para quem sabe ouvir...


Não gosto da estação interior que substituiu minha primavera: uma mistura de decepção, de secura e de rancor. Mergulho num tempo vazio onde não tenho mais motivo para sonhar. O mais triste num sofrimento é se perguntar: "Vale a pena?"

Vale a pena todo esse sofrimento por quem nem mesmo pensa em avisar? Certamente não. Entao nem sofrimento se tem mais, e isto é ainda mais triste.

Não há Pequeno Príncipe hoje, nem haverá nunca mais. O Pequeno Príncipe morreu. Ou então tornou-se cético. Um Pequeno Príncipe cético não é mais um Pequeno Príncipe. Fiquei magoado com você por tê-lo destruído.

Também não haverá mais carta, nem telefonema, nem sinal. Não fui muito prudente, e não pensei que pouco aos pouco, com isso, arriscava um pouco de sofrimento. Mas eis que me feri na roseira ao colher uma rosa.

A roseirá dirá: "Que importância eu tinha para você?" Chupo meu dedo, que sangra um pouquinho, e respondo: "Nenhuma, roseira, nenhuma. Nada tem importância na vida. (Nem mesmo a vida.) Adeus roseira."

A.

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