16.6.10

junk-soul

ultimamente não me reconheço, e reconheço agora que já faz um certo tempo além de ultimamente.
coisas que engoli calada e digeri às forças, incorporando cada silêncio cheio como um tijolo a mais nessa parede invisível que instalou-se ao redor de mim, estendendo mãos aleatoriamente para quem grita de lá, assistindo de dentro ao transbordar pesado das coisas que ficaram presas comigo. a vontade bate no peito e volta, a realidade bate no muro "toc toc, tem gente?" não.
não me encontro mais em nenhuma das coisas que um dia despertaram sentimentos irreconhecíveis; minha máquina está parada há meses, os livros empoeirados e enfileirados, os filmes sem final at all e o papel sempre em branco, ainda que cheio de supostos traços meus, em branco;
as fotografias reveladas em branco, as linhas lidas deram branco, os filmes de telas brancas, todo esse branco e nenhuma paz. me afogo no leite denso de sensações que beiraram-me, e quem não sou boia no que quero ser, quem sou flutua com força dentro do sufoco, divisão de águas erradas que mergulharam em si.

bate no muro e volta, bate no vulto e mora.

Um comentário:

. disse...

eu entendo isso mais do que gostaria.

ficou muito bom (: