17.3.14

a linha vermelha crua

a linha vermelha pendurada entre as coxas
presa lá dentro por um fio de desejo
querendo apenas o toque

um cão dos infernos amarrado na outra ponta
late de dentro da barriga

ninguém se mexe
o sol nasce de novo
ninguém se mexe
o lençol de poeira
me cobre toda de história

assim que o olho se fecha
a garganta acende
um puxão nos pelos pretos
na esperança de puxar também o fio vermelho

meu amor, havia fogo, eu juro
não te chamei pra ver a lua
tinha fogo aqui na cama
não estou louca, mas se estiver
enlouqueça comigo também
veja o travesseiro em cinzas
vamos dormir abraçados
eu te costuro com meu fio vermelho
se você prometer gritar e puxar

escorre sangue do meu sexo
pinga no chão branco
eu deixo a marca da violência 
a violência que é nascer mulher
e nunca ter gozado
apesar da linha vermelha crua.

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