10.3.14

não posso mais falar de amor sem falar de você.

e quem é você, afinal? ninguém. já foi gente por muito tempo, mas agora ficou so um lugar vazio que tento encher de palavras bonitas sobre memórias toscas. procura-se você. procura-se um amor pra pensar nos dias de chuva, como hoje. procura-se alguém que possa comer meus dias com dentes afiados, tornando minha existência mais curta e significativa. tenho saudades de quando amei, de quando me apaixonei. não tenho saudades das pessoas que amei, hoje parecem apenas veículos de transmissão de algo maior. e talvez tenha me apaixonado pela idéia do amor do que amado em si. tenho certeza de que com nathalia, foi assim. mas, ainda assim, foi bom, foi honesto, foi mágico. pra mim, isso sempre bastou.

mas e agora? não tem jeito, não me apaixono. saio, enrolo, canto, encanto. mas no final do dia, ou no meio do encontro, surge sempre a mesma pergunta "o que danado eu to fazendo aqui?" e ninguém é o suficiente pra respondê-la. 

piera, piera... será que você, tão inusitadamente, chegou para ficar? pois tenho me mantido muito quieta esses dias, e você chega sempre com uma colher de pau para mexer os meus dias mórbidos em algo gostoso. e quantos clichês não quebrastes? toda tatuada, porém não bebe. caseira, amante da Itália e comedora de massa. sai com um menino, mas não me deixa quieta uma só noite. fotografa e psicóloga, a melhor combinação de gente que existe. sindrome do pânico. você também me deixa assustada. e assim, do nada, já me aparece com um jantar marcado onde eu, que não sou ninguém, devo cozinhar. mulher, você me conquistou pelo estômago, cabeça e peito.

no mais, os dias escorrem como as gotas de chuva na janela, lambendo a poeira que ficou de ontem.

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