11.4.10

lanterna dos afogados

a gente só sabe quem é quando se perde na imensidão das coisas sem sentido, quando se depara nos nossos próprios limites, quando se afunda em dor profunda.
na felicidade somos todos iguais, é na dor que aprendemos a ser quem somos.
só é possível ouvir-se quando esquecemos que precisamos existir, quando ignoramos o latejar do coração, o caos gritante dos pensamentos, e apenas doemos.
dói, eu acredito, eu acredito em qualquer um que me diga que sofre do pior dos males, ainda que para mim esse mal não signifique nada. eu acredito quando me dizem que viver virou um desejo de morte, eu acredito nos desacreditados, desamparados e desentendidos, eu acolho todos eles numa parte de mim que morreu do mesmo mal, de forma diferente. é que dor é uma coisa muito pessoal, por isso nunca menosprezo a dor alheia. dói, e dói mesmo, e tudo que posso dizer é que não vai parar de doer até que pare, não vai parar de sangrar até que estanque, não vai parar de chorar até que sorria novamente.
mas sempre digo, também, que não se preocupe, que sobreviverás mais forte, que nunca ouvi de ninguém que sangrou até a morte, que afogou-se nas próprias lágrimas. nunca ouvi de ninguém que voltou o mesmo de uma dor, então aproveite e mergulhe na sua, eu te ofereço uma mão de resgate.
digo isso porque eu também, eu também já estive ai e ainda estou viva, mais viva. afinal, só se vive uma vez, é verdade, mas quantas vezes não morremos nessa única vida?

Um comentário:

Gabriela Baldasso disse...

já morri tanto que virei zumbii