6.7.14

banho-maria

e se tudo tivesse sido mais aceitável em mim, se não houvesse tanta repressão herdada nos gestos de carinho, será que as palavras sairiam com menos critério? será que eu falaria tanto e tão pouco quanto os outros? tem gente que me entedia só com o olhar, o olhar vago, com uma falta de ver tão absurda que suspeito serem ocas, ou, muitas vezes, cheias de qualquer coisa rústica que simplesmente nunca precisou ser repensada antes de existir. tenho medo de me tornar cada vez mais frouxa ao redor dos lábios, de um dia adquirir tamanha segurança sobre mim que simplesmente falarei tudo que vier a cabeça, e aí será o fim do bom gosto, o mel mais puro diluído em qualquer coisa de volume; meu maior medo é um dia perder esse concentrado tenso que penerei por anos, repousado em banho-maria.

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