6.7.14

futilidades

a futilidade das coisas desnecessárias à vida interna, porém extremamente, digo extra extremamente necessárias à sobrevivência de toda vida na superfície, aquela que torna mais fácil a respiração, a que permite um caminhar tranquilo em mergulhos de meio palmo, de retorno seguro, a superfície que distraí toda tensão profunda e calada que habita logo abaixo. a futilidade seria então necessária também? e sendo necessária, seria ainda fútil? pois eu sei que o que existe há de existir apesar de, seria apenas uma questão de peso. seria então a futilidade uma dieta para a incarregavel existência? uma massagem nos músculos da mão que segura o inseguravel da vida, é quase isso. mas ainda é fútil, de forma que vive-se aquilo para não viver isso aqui, tornando-se ao mesmo tempo libertadora, permitindo a respiração, ainda que muda, ainda que o ar passe entre canos tão congestos de palavras que, entre farpas, vence a barreira ainda com o cheiro do que não foi dito.

Nenhum comentário: