1.3.16

/2010

nunca tive muito problema com a noite, até certo tempo atrás.
sim, eu gostava da noite, gostava de imaginar coisas no escuro e fingir que estava sonhando de olhos abertos, gostava de abraçar um travesseiro entre as pernas e pensar com carinho em alguém, gostava de deixar os pés para fora da colcha e sentir um friozinho, gostava principalmente das noites de ninar chuvosas onde a natureza parecia imitar um choro que não era o meu, nem o de ninguém, porque naquelas noites ninguém chorava.
os tempos de paz de noites bem dormidas, de noites aninhadas comigo mesma, quando a casa ainda era um lar e meu travesseiro aguentava o peso de minha consciência.
as noites que eram apenas férias de sol, as noites de luz de velas, as luzes da noite que nunca se apagavam ainda que eu fechasse os olhos, eu dormia com pensamentos de luz e com sono de pluma.
e de repente os dias viraram noites

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