1.3.16

carta ao golfinho

eu queria não estar tão cansada para escrever esta carta, mas estou, golfinho, e espero que você entenda. eu sei que você é apenas um golfinho e não sabe ler, mas algo me diz que é necessário, que você vai entender de alguma forma. como toda vez que olho para o céu e me pergunto se você também está olhando, e tenho a sensação de que a gente está se vendo lá nos reflexos das estrelas, lá no fim da vida onde não há questionamentos.
mas ainda não chegamos lá, golfinho, portanto os questionamentos existem.
olha, eu sei que fui eu quem te encontrei, mas isso não faz de você meu golfinho. espero que não fiques assustado com a minha presença, ainda que a tua me assuste também. não tenha medo golfinho, eu também tenho. não deixe que nada disso te afogue, você nasceu para nadar. eu digo "calma" e deixo você repetir comigo "calma aqui, também", e a gente não pode dizer "calma" com pressa.

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