22.3.16

branca

branco, meu amor, pois já vestimos preto demais, a cidade é cinza e mal vemos o céu e de longe vi um branco parado numa banca de flores, morrendo, e pensei em você em casa, branca e sem paz. e não tive dúvida: eu te amo. pois me entendo nas tuas dúvidas e te digo por que preciso dizer agora, como os raios e trovões precisam acontecer, eu te digo: meu amor é torto feito tua espinha, mas te mantém em pé apesar do ferro, me mantém acordada quando queres dormir. e quando fechas teus olhos, num piscar, num choro, num cochilo, num descuido de raio de sol, é uma ansiedade que nasce no meu peito esperando o mundo novo que verás, que veremos, ao abri-los novamente. então que seja branco, pelo menos por agora, por que eu sei, não importa o que sentimos, nenhum sentimento é final. é uma poça d'agua ou um pequeno furacão, é tanto disso e do contrário disso, e mesmo que o teu sangue seja rápido demais e teus pensamentos sejam duros demais, se você parar nessa rua um dia e ver o que eu vi, você entenderá o que deixo aqui: perdão, sorriso molhado, desejo de fazer vida. ou pelo menos morrer tentando. 

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