21.3.10

há de chegar

- sabe, eu não.
- não sabes do que?
- eu não sei, sinto que deveria saber algo nesta altura, mas não sei e isso me incomoda. por exemplo, não sei para onde dirigir meus olhos quando converso com alguém, nem o que dizer, nem o que fazer com minhas mãos.
- o que tem teus olhos?
- estão vazios, antes havia alma, mas agora... tenho medo que as pessoas se afoguem nesse grande vazio e se percam comigo.
- e tuas palavras? fugiram novamente?
- não, nunca foram minhas. deixo-as livre, você sabe, flutuam aqui dentro mas faz tempo que não encostam na superfície, sinto falta daquele toque suave de realidade que me traziam.
- e tuas mãos? ainda escrevem?
- não sei, não sei o que fazem minhas mãos. estão... vazias, também. e inquietas.
- tem algo que sabes?
- sim, tem uma coisa que sei muito bem, uma coisinha pequena que me serve de consolo e desespero.
- o que?
- sei que há algo mais a ser sabido.

(to be continued quando eu souber)

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