23.3.10

pai

tem um leão ferido, bem aqui do meu lado.
e aquele porte confiante foi derrubado pelo grisalho da juba, e o grito de força agora dá lugar a gemidos de dor, e já não ruge mais como rei da selva, já nem espanta mais ninguém além dele mesmo, aquele rugido, rugido-miado de quem sabe.
ele agora sabe, o pobre leão, que a selva não mais o pertence, que nunca pertenceu, que é selvagem mesmo e será selvagem até morrerem, os dois.
ele está ferido, é bem óbvio para qualquer um que queira ver, e eu vejo, mas não sei se quero.
não sei se quero estender uma mão, pois tenho medo que ele a coma.
novamente.

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