9.3.10

mais do mesmo, baby

lá vou eu falar dela de novo.
já cansou, ela já cansou de sair de minha boca, ela já fez as malas de minha cabeça (no coração nunca esteve, deus sabe o estrago que seria)
ou não, foi arrombando a porta da aorta que a história começou.
queria de todo jeito colocar quem não cabia onde não devia,
ta certo, admito, já sabia o meio e o fim logo no começo
mas nunca resisti ao pulsar do sentir, ainda que dor.
diagnóstico: andréa margolis, 
agnóstico.
neutro, ateu.
não doeu de verdade, não pulsou de verdade, não amei de verdade.
por isso volto lá sempre que posso, para confirmar o fracasso,
para lembrar das poucas vezes que fiz amor e não sexo, as poucas vezes que viveu sem ajuda de aparelhos.
eu não sei, reli tudo isso agora e me doeu lá dentro, lá na porta da aorta que ainda não consertei. talvez, agora sozinha, possa admitir que escapou um pouco para o átrio, ta bom, para o coração.
eu amei, não sei quando, não sei quanto, não sei quem.
nunca foi culpa dela, eu procurava a coisa errada na pessoa certa, o meu dicionário desatualizado do amor colocou mamãe e papai, "perfeição" e "amor" não são sinônimos!
e no final, sabe no que deu?
tirei o pior de nós, eu vi o terceiro lado da moeda,
lixo; mentira, traição, xingamentos, desrespeito, desconfiança, desespero, medo, corrente.
só para ver o ser humano ser humano todas as vezes, todos os dias, eu cuspia na cara da raça com covardia porque do lixo ela catava sempre o melhor de nós, e eu não acreditava, não era possível.
racionalizei o amor e ela desequilibrou minhas equações, e agora?
o jeito era encobrir o que eu não sentia com o que eu sabia parecer sentir-se, espelho.
o jeito era imitar a batida do dela, e nesse imitar o meu descompassou-se e pegou a manha do amar.
o jeito era dar um jeito, e nesse jeito deu-se outro jeito e a bola de neve não derretia com o calor, era oficial, baby.
baby, baby.

ainda me arrepio quando penso no perfume da palavra baby.



Nenhum comentário: