23.3.10

sinto muito

até pouco tempo atrás, o contrário do amor era o ódio.
e as pessoas, sabendo disso, fingiam odiar aqueles que amam, fingiam aquele ódio mortal de quem teve um beijo negado, fingiam aquela repugnância de quem suplicou um último abraço, fingiam todo aquele sentimento para mascarar o outro, e até aí tudo bem, tudo legal, eu entendo, extravasavam ao contrário, mas botavam-se para fora.
ai se dá que recentemente alguém descobriu que estávamos todos enganados, que não é o ódio que devemos sentir nessas horas em que já não sentimos mais nada por alguém, mas sim a indiferença! e logo as máscaras de raiva foram trocadas por máscaras serenas, cordiais, sutilmente indiferentes, até felizes!
e sinceramente, isso me deixa louca, todo esse fingir sentir, ou não sentir, no último caso, porque eu sinto, oras! como posso comer tudo que sinto e digerir indiferente? eu prefiro o ódio, a raiva, o rancor, qualquer expressão por mais distorcida que seja, eu prefiro isso pois eu sinto,
e sinto muito
por tudo isso.